segunda-feira, 26 de maio de 2025

Consórcio de leguminosas com gramíneas alia produtividade e qualidade na safrinha


Pesquisador da Embrapa destaca benefícios agronômicos e econômicos da adoção de plantas de cobertura no período da safrinha em Mato Grosso do Sul


Durante o Showtec 2025, evento de tecnologia agropecuária realizado em Mato Grosso do Sul, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), apresentou os avanços e os benefícios do consórcio entre leguminosas e gramíneas no sistema de produção agrícola. A proposta visa aliar alta produção de biomassa com qualidade da palhada, elemento essencial para o sucesso do Sistema Plantio Direto.

“Os capins são protagonistas na geração de matéria seca em grande volume, tanto na parte aérea quanto nas raízes, o que contribui diretamente para a melhoria do solo. Mas as leguminosas agregam qualidade a essa biomassa, com benefícios como a fixação biológica de nitrogênio e o controle de nematoides”, explica Garcia.

Entre as leguminosas de destaque, estão as crotalárias (em especial a Crotalaria ochroleuca e C. juncea) e o feijão-guandu, incluindo sua versão anã. Essas espécies, quando combinadas com gramíneas como Brachiaria ruziziensisB. brizantha (cv. Xaraés, Piatã), ou mesmo com panicum como o capim-aruana, resultam em um consórcio com alto potencial para cobertura de solo, controle biológico e alimentação animal.

Oportunidade durante a safrinha

A recomendação do pesquisador é que o produtor utilize parte da área da safrinha, em Mato Grosso do Sul, para o cultivo dessas plantas de cobertura, especialmente a partir do final de fevereiro, quando os riscos climáticos aumentam e o potencial produtivo do milho diminui.

“O custo do milho safrinha é alto e os riscos são maiores nessa época. Por isso, deixar de 20% a 25% da área para coberturas é uma estratégia inteligente. Em poucos anos, o produtor consegue rodar toda a área e melhorar o solo, o sistema como um todo e ainda potencializar a cultura da soja que vem na sequência”, orienta o pesquisador.

Segundo Garcia, em áreas de pousio durante a safrinha no estado, principalmente em solos arenosos ou em regiões com menor histórico de uso agrícola, o uso de plantas de cobertura é uma alternativa viável, econômica e de baixo risco.

Integração com a pecuária

O consórcio também pode ser integrado à pecuária, desde que as leguminosas escolhidas não sejam tóxicas aos animais. “Espécies como a Crotalaria spectabilis e C. breviflora são tóxicas e não podem ser pastejadas. Mas a C. ochroleuca e a C. juncea são seguras e ainda melhoram a alimentação do gado, fornecendo proteína e contribuindo para o ganho de peso”, ressalta o pesquisador.

Pesquisa em expansão

A Embrapa Agropecuária Oeste conduz pesquisas nessa linha desde 2016. O trabalho envolve o desenvolvimento de combinações de espécies, estratégias de manejo, métodos de implantação e soluções para desafios técnicos, como o controle de plantas daninhas e da soja voluntária.

“O setor privado também tem avançado nessa linha, com oferta de mixes de cobertura que reúnem três ou quatro espécies. A lógica é a mesma: diversificar e explorar sinergias entre plantas com características complementares para fortalecer o sistema produtivo”, finaliza o pesquisador.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Conab vai ao México para participar de missão técnica de cooperação sobre sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis

 

Representantes de instituições do Brasil e do México estarão reunidos, entre os dias 12 e 15 de maio, para debater soluções conjuntas que promovam o acesso a alimentos saudáveis, o fortalecimento da agricultura familiar e o equilíbrio dos sistemas de abastecimento. A Missão Técnica “Diálogos de Cooperação Sul-Sul entre Brasil e México sobre Sistemas Alimentares Sustentáveis” é uma iniciativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

O encontro tem como objetivo principal fomentar a troca de experiências bem-sucedidas em políticas públicas voltadas à segurança alimentar e nutricional, abastecimento de alimentos e estratégias para redução da inflação dos alimentos. A agenda inclui reuniões, visitas técnicas e apresentações institucionais que permitirão o compartilhamento de boas práticas entre os dois países.

Nesta segunda-feira (12), o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Arnoldo Anacleto de Campos, apresenta as principais contribuições da Companhia para o abastecimento alimentar no Brasil. Serão abordadas ações como política de preços mínimos, compras públicas, estrutura de armazenagem, apoio à agricultura familiar, inovação tecnológica no campo e produção de dados estatísticos sobre a agropecuária nacional.

Durante a missão, os participantes visitarão instituições mexicanas como a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Sader), a Central de Abastecimento da Cidade do México (Ceda), a Leche Industrializada Conasupo (Liconsa), a Empresa Nacional de Subsistências Populares (Diconsa) e a Confederação Nacional dos Grupos Comerciais dos Centros de Abastecimento (Conacca). Também está prevista uma reunião com a equipe técnica da FAO, cuja articulação foi fundamental para viabilizar os contatos com o governo mexicano.

Entre os resultados esperados está a divulgação de iniciativas brasileiras como o Programa Alimentar Cidades, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Plano Nacional de Abastecimento. Ao mesmo tempo, o Brasil conhecerá melhor o modelo mexicano “Comida para o Bem-Estar”, que conta com mais de 25 mil pontos de venda voltados ao fornecimento de alimentos saudáveis e acessíveis.

A modernização dos centros de abastecimento, por meio de ações sustentáveis como economia circular, redução de perdas e desperdícios (FLW), transparência de preços e fortalecimento da governança institucional, também será um dos focos do intercâmbio, promovendo a aproximação entre autoridades públicas e setor privado.

A missão marca mais um passo no fortalecimento da cooperação internacional em torno da segurança alimentar e da construção de sistemas alimentares resilientes, inclusivos e sustentáveis.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Desembolso do crédito rural chega a R$ 298,6 bilhões em dez meses

 Até o momento, o total do desembolso corresponde cerca de 80% do que foi concedido no mesmo período da safra 2023/2024

Agência Gov | Via Mapa
09/05/2025 14:25
Desembolso do crédito rural chega a R$ 298,6 bilhões em dez meses

O montante do desembolso do crédito rural do Plano Safra 2024/25, considerando todos os produtores rurais, chegou a R$ 298,6 bilhões no período de julho/2024 a abril/2025.    

Considerando apenas os beneficiários do Pronamp e os demais produtores rurais, que são atendidos pelo crédito rural coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foram desembolsados R$ 246,2 bilhões, sendo divididos em R$ 142,7 bilhões para custeio, R$ 52,2 bilhões para investimento, R$ 35,5 bilhões para a comercialização e R$ 15,9 bilhões para financiamentos em industrialização de produtos agropecuários. 

O montante de recursos desembolsados corresponde a cerca de 80% do que foi concedido no mesmo período da safra 2023/2024, perfazendo 61,5% dos R$ 400,6 bilhões programados para serem contratados em todas as finalidades de financiamento. 

Os financiamentos baseados em fontes controladas, aquelas que possuem taxas de juros diferenciadas e mais reduzidas em relação às praticadas pelo mercado, correspondem a 51% de todo o crédito concedido, com destaque para a Poupança Rural Equalizada e para os Recursos Livres Equalizados, com incremento de 20% e 171%, respectivamente, em relação à safra passada, e valores concedidos de R$ 21,8 bilhões e de R$ 31,6 bilhões. 

Quanto aos financiamentos baseados em fontes de recursos com taxas de juros livres, o destaque fica com a Poupança Rural Livre, com aumento de 124% em relação à safra passada e R$ 26 bilhões contratados e liberados. 

Os programas de investimento agropecuário ainda apresentam saldo de recursos a serem concedidos: o Prodecoop apresenta o maior, com 61% de saldo, enquanto o Pronamp, com 14% de saldo, tem a menor disponibilidade remanescente. 

A expectativa é que todo o recurso disponibilizado para o investimento seja aplicado até o final de junho, quando começará o novo ano agrícola, com os produtores rurais realizando inversões com os encargos financeiros atuais, os quais estão, em geral, 4,25 pontos percentuais abaixo da taxa SELIC, que está em 14,75% a.a. 

Os valores apresentados são provisórios e foram extraídos no dia 07 deste mês, do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor/BCB), que registra as operações de crédito informadas pelas instituições financeiras autorizadas a operar em crédito rural. Os valores definitivos só são divulgados após 35 dias do encerramento do mês considerado na avaliação. 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Exportações da piscicultura brasileira batem novos recordes

 

As exportações brasileiras de peixe no primeiro trimestre de 2025 foram as maiores dos últimos anos. O volume exportado foi de mais de 3.900 toneladas, aumento de 89% com relação ao mesmo período do ano passado. Em faturamento, houve crescimento ainda maior: de 112%, chegando a mais de US$ 18,5 milhões. Esses são alguns dos dados do Informativo Comércio Exterior da Piscicultura, publicado a cada três meses pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Como era de se esperar, a tilápia permanece a principal espécie exportada. Entre janeiro e março, foram praticamente US$ 17 milhões de faturamento, que significaram 92% do total. Na sequência, mas bem abaixo, estiveram curimatá e tambaqui (com 3% cada) e pacu (com 2% do faturamento total no período). Também como vem sendo nas últimas análises trimestrais, os Estados Unidos foram o principal importador da piscicultura nacional, responsáveis por mais de US$ 16,3 milhões ou 88% do total no primeiro trimestre deste ano. Com 7%, o Peru foi o segundo colocado.

São cinco as categorias de produtos de tilápia exportados: o filé, tanto congelado como fresco ou refrigerado; o peixe inteiro, também tanto congelado como fresco ou refrigerado; e subprodutos impróprios para alimentação humana. À exceção da tilápia congelada, as demais categorias apresentaram queda de preço médio comparando-se os primeiros trimestres do ano passado com este ano. A principal categoria exportada pelo país, que é o filé de tilápia fresco ou refrigerado, teve 7% de queda, passando de US$ 7,57 para US$ 7,07 o kg.

“É possível que essa queda nos preços dos produtos de tilápia no primeiro trimestre de 2025 seja reflexo de uma acomodação do mercado norte-americano, após sucessivas altas nos preços ao longo de 2024. Esse aumento dos preços no ano passado pode ter tido um impacto na redução na demanda junto aos consumidores, o que pode ter levado a essa queda nos preços”, explica Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia.

Crescimento consistente - As exportações brasileiras da piscicultura têm crescido de maneira consistente nos últimos anos. Fazendo o recorte apenas para a tilápia, os Estados Unidos, no primeiro trimestre de 2025, foram o principal destino, com 95% da movimentação, num total de mais de US$ 16,2 milhões. E, analisando-se as importações de tilápia pelos Estados Unidos, percebe-se que o Brasil foi o terceiro maior fornecedor nos dois primeiros meses deste ano; em janeiro e fevereiro de 2024, o país era o quinto maior fornecedor. Foram mais de 2.400 toneladas, ficando atrás apenas de Taiwan, com mais de 2.800 toneladas, e da China, com mais de 32.500 toneladas exportadas para os Estados Unidos em janeiro e fevereiro deste ano.

Manoel contextualiza esse mercado: “o crescimento das exportações de tilápia brasileira para os Estados Unidos tem relação direta com o aumento da produção desta espécie no Brasil e a busca por novos mercados. O Brasil exportou apenas 3% das 662 mil toneladas de tilápia produzidas no país em 2024. Com o aumento da produção, o mercado local passou a apresentar sinais de saturação na demanda de tilápia, resultando numa queda nos preços no mercado interno em 2024, tornando a exportação mais atrativa”. Ele acrescenta que “o setor privado é o grande responsável pelo aumento das exportações de tilápia do Brasil, porém algumas instituições, como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Embrapa, têm colaborado com diversas ações de apoio”.

A expectativa é de continuidade no crescimento das exportações brasileiras da piscicultura, sobretudo de tilápia. De acordo com o pesquisador da Embrapa, “o aumento das tarifas de importação que os Estados Unidos impuseram à tilápia vinda da China pode oferecer uma oportunidade para os exportadores brasileiros, porém ainda existem incertezas quanto à manutenção dessas tarifas no longo prazo e também é importante destacar que outros países exportadores (em particular da Ásia) são fortes concorrentes nesse mercado”. Manoel finaliza afirmando que “os produtores brasileiros têm buscado novos mercados além dos Estados Unidos (por exemplo, o Canadá e países da América do Sul) e também têm tentado diversificar as espécies a partir do embarque de peixes nativos, como tambaqui e curimatá”.

Manejo sustentável da cultura do arroz é tema de dias de campo em Itapecuru Mirim, MA

 

A região de Itapecuru Mirim, no Maranhão, se prepara para receber dois importantes dias de campo voltados ao manejo sustentável da cultura do arroz de sequeiro favorecido, com foco na agricultura familiar. As atividades serão realizadas nos dias 24, na comunidade quilombola de Jaibara dos Nogueiras, e dia 25 de abril, na comunidade quilombola de Oiteiro dos Nogueiras.

O evento visa promover práticas agrícolas mais produtivas e sustentáveis, adaptadas às características das planícies inundáveis da região, onde o arroz é cultivado com o auxílio das chuvas que formam a lâmina d'água ou encharcam a terra, criando condições ideais para o cultivo. Durante os dias de campo, produtores familiares, profissionais de assistência técnica e membros das comunidades quilombolas terão a oportunidade de discutir técnicas de manejo do arroz, com ênfase na nutrição das plantas, fertilização do solo e práticas sustentáveis de cultivo. 

Custos de produção de frangos de corte e de suínos variam de forma distinta em março

 


 

Os custos de produção de frangos de corte e de suínos variaram de maneira distinta em março de 2025 nos principais estados produtores e exportadores, conforme estudos conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves através de sua Central de Inteligência de Aves e Suínos (embrapa.br/suínos-e-aves/cias).

 

O custo de produção do quilo do frango de corte baixou para R$ 4,86 no Paraná, ou -0,17% em relação ao mês de fevereiro. O aumento acumulado em 2025 é de 1,58% e, nos últimos 12 meses, é de 13,86%, com o ICPFrango alcançando 376,48 pontos. A ração se destacou como o principal componente de custo em março, com queda de 0,88% no mês, apesar de ter subido 15,97% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 67,62% no custo total de produção.

 

Já o custo de produção do quilo de suíno vivo alcançou R$ 6,42 em Santa Catarina, representando uma elevação de 0,78% em relação ao mês de fevereiro. No ano, o ICPSuíno já subiu 3,38%, e o acumulado nos últimos 12 meses é de 14,31%, com o índice da Embrapa chegando aos 367,08 pontos. A ração dos animais se destacou como o principal componente de custo, com um aumento de 0,31% no mês e 13,33% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 72,29% no custo total de produção.

 

Os estados de Santa Catarina e Paraná são referências nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS devido à sua posição como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente. No entanto, a CIAS também oferece estimativas para outros estados brasileiros. Essas informações são fundamentais para indicar a evolução dos custos nesses setores produtivos.

 

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

 

Revisão de coeficientes técnicos – Em janeiro de 2025, foram alterados os coeficientes técnicos para o cálculo dos custos de produção de suínos no Paraná e no Rio Grande do Sul. As principais mudanças decorreram da alteração na formulação das rações, da separação dos custos com transporte de ração dos custos com alimentação animal (ração) e dos custos com insumos veterinários.

 

Aplicativo Custo Fácil – O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

 

Planilha de custos do produtor – Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Embrapa Pecuária Sul amplia capacidade analítica de laboratórios e reforça pesquisa em campo com recursos do PAC e Recupera RS

 


A Embrapa Pecuária Sul (Bagé, RS) recebeu importantes investimentos em equipamentos e infraestrutura com recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do programa Recupera Rural RS. As aquisições ampliam a capacidade analítica da unidade e fortalecem as pesquisas tanto em laboratório quanto no campo, promovendo avanços para a sustentabilidade da pecuária da região.

Conforme a analista da Embrapa, Citieli Giongo, supervisora do Setor de Gestão de Laboratórios, os investimentos vão otimizar análises laboratoriais e aprimorar a qualidade dos estudos desenvolvidos. “Com esses equipamentos, conseguimos elevar nossa capacidade analítica, reduzindo tempo de processamento e melhorando a precisão dos resultados. Isso impacta diretamente a pesquisa, beneficiando projetos voltados à produção agropecuária sustentável”, destaca.

No campo, os investimentos também trazem avanços. O analista Álvaro Neto, supervisor do Setor de Campos Experimentais, ressalta que a chegada de novos equipamentos aprimora a condução das pesquisas. “Os equipamentos adquiridos otimizam e melhoram a eficiência do trabalho, permitindo atender de melhor forma pesquisas como as desenvolvidas nas provas de desempenho realizadas pela Embrapa em parceria com associações de raça, por exemplo”, afirma.

Dentre os equipamentos adquiridos destacam-se:

Cromatógrafo Líquido de Ultra-Alta Eficiência da Shimadzu (UHPLC): a Central Analítica da unidade recebeu um cromatógrafo de ultra eficiência (UHPLC), equipamento altamente sensível que fornece resultados de análises qualitativas e quantitativas em poucos minutos. O UHPLC permite a separação e quantificação de diversos compostos orgânicos não voláteis, sendo fundamental para a caracterização de matrizes como forragens, alimentos (carne e derivados cárneos), produtos da olivicultura e vitivinicultura, e amostras clínicas (sangue, fezes e urina).

“Com esse equipamento, conseguimos extrair e analisar uma gama maior de analitos, como vitaminas, antioxidantes, aminoácidos e produtos de degradação de alimentos. Isso melhora nossa capacidade de correlacionar os nutrientes presentes nos alimentos com o ambiente de produção, contribuindo diretamente para diversos projetos vigentes e futuros”, explica Giongo.

Concentrador de Amostras da Eppendorf: o concentrador de amostras é um equipamento programável que otimiza a rotina laboratorial, eliminando a necessidade de evaporação manual de solventes, que anteriormente demandava tempo e o uso de gás nitrogênio. 

Espectrofotômetro Ultravioleta-Visível com Sistema de Aspiração Automática da Shimadzu: o espectrofotômetro UV-Visível adquirido permite análises diversas, como compostos fenólicos, oxidação lipídica em carnes, forragens, fungos e minerais como o fósforo. Diferente dos modelos tradicionais, ele conta com um sistema de aspiração automática, possibilitando a leitura de até seis amostras por minuto. “Esse sistema otimiza o tempo de análise, permitindo processar um maior número de amostras por dia e garantindo mais agilidade na obtenção de resultados”, destaca Giongo.

Extrator de Analitos da Thermo Fisher: o equipamento automatiza o processo de extração de analitos, reduzindo significativamente o tempo de análise. “Antes, um processo que levava dois dias de bancada agora pode ser realizado em um turno, padronizando técnicas, reduzindo variação analítica e aumentando a qualidade dos resultados”, explica Giongo.

Milli-Q - Sistema de Purificação de Água Ultrapura: a unidade também recebeu um sistema Milli-Q para fornecimento de água tipo 1 (ultrapura), essencial para operação do cromatógrafo líquido. 

Lidar/Drone: o uso de tecnologia de sensoriamento remoto foi ampliado com a aquisição de um Lidar acoplado a drones, permitindo a caracterização e monitoramento de ecossistemas.

O pesquisador José Pedro Trindade destaca que a nova tecnologia é fundamental para aprimorar os estudos sobre sustentabilidade e conservação de áreas produtivas. “O uso de drones e sensores Lidar nos permite mapear com maior precisão a dinâmica dos campos sulinos, auxiliando na implementação de práticas de manejo sustentável. Com essa tecnologia, conseguimos avaliar com mais eficiência a recuperação de áreas degradadas e a adaptação de sistemas produtivos às mudanças climáticas”, explica.

Vagão forrageiro vertical: outro equipamento que trará ganhos operacionais para a unidade é um vagão forrageiro vertical, com capacidade para 2,5 metros cúbicos e funcionalidades que permitem misturar e reduzir tamanho de fibra de pré-secados e feno. Segundo o analista Álvaro Neto, o equipamento conta com sistema de hélice helicoidal central, pesagem em desnível e avanço de rolo faca. As funcionalidades serão fundamentais para otimizar a preparação das dietas utilizadas nas provas de Eficiência Alimentar e de Emissão de Gases, desenvolvidas em parceria com as associações das raças Angus, Charolês, Braford e Hereford, bem como para os projetos de pesquisas com o rebanho Brangus da Embrapa.

“O grande objetivo dessa aquisição é reduzir a mão-de-obra necessária para picar feno e pré-secados, facilitando os experimentos que avaliam eficiência alimentar e o uso de subprodutos. Ele também melhora a mistura das dietas, evitando o retrabalho de picar e depois misturar novamente. Além disso, o vagão possui balança, permitindo que a preparação das dietas seja feita de forma precisa e automatizada”, explica Neto.

Novo PAC
Lançado em 2023, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimentos estratégicos a serem aplicados nos Centros de Pesquisa da Embrapa, a fim de modernizar e aumentar a competitividade científica e institucional. 

A chefe-adjunta de Administração, Estefanía Damboriarena, destaca a relevância desse investimento para a modernização da unidade. “Muitos anos a Embrapa ficou defasada de investimentos, e é necessário que nós, como instituição de pesquisa e inovação, possamos acompanhar todo o avanço e tecnologia disponível, seja para as atividades laboratoriais, seja nas atividades de campo. Essa primeira etapa do PAC nos exigiu uma racionalidade de prioridades. Ainda é necessário complementar os investimentos, pois o período de baixo investimento público gerou uma grande defasagem e aumentou a necessidade de inovação. O foco dos investimentos tem sido a busca de automação, da menor utilização possível de mão-de-obra e da maior agilidade e eficácia dos processos, visando à qualidade dos resultados de pesquisa, que são a essência do nosso trabalho”, ressalta.

Recupera Rural RS
Plano de ações emergenciais e estruturantes para apoiar a recomposição de paisagens e a recuperação agroprodutiva sustentável do Rio Grande do Sul, após as enchentes que afetaram o Estado em 2024. Estruturado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Embrapa e parceiros, o plano visa identificar áreas e projetos prioritários para investimentos em PD&I, para suporte técnico-científico à tomada de decisões de produtores rurais e agentes do Estado, para apoio a políticas públicas de prevenção a desastres dessa natureza, e para a retomada da capacidade produtiva dos sistemas agroalimentares e florestais gaúchos.

Texto: Gabriel Aquere


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