segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

5 passos para alavancar o agronegócio brasileiro no exterior

 As mudanças recentes na geopolítica trazem desafios para o agronegócio e é preciso estar preparado para agir estrategicamente nesse novo cenário.

O agronegócio global está se transformando rapidamente, impulsionado por mudanças geopolíticas, demandas crescentes por sustentabilidade e a necessidade de adaptação a novos padrões comerciais. Para as empresas brasileiras do setor se destacarem nesse ambiente de alta competitividade é fundamental que haja uma combinação de inovação, flexibilidade e estratégias bem articuladas.

Nesse cenário, o Centro de Aprendizagem e Cultura Imaflora (Cacuí), e a Agroicone, em parceria com um dos coordenadores do Centro de Altos Estudos e Pesquisa Geopolítica da UFRRJ, Pablo Ibañez, lançam a formação executiva Geopolítica para um Agronegócio Sustentável. O programa combina conhecimento teórico e relatos práticos, oferecendo uma possibilidade de imersão nas dinâmicas geopolíticas do mundo contemporâneo e uma oportunidade de debater, diretamente com seus negociadores, cases emblemáticos do mercado internacional.

Veja, a seguir, cinco estratégias essenciais para garantir que o agronegócio não apenas sobreviva, mas exerça protagonismo no mercado internacional. As soluções convergem para a adoção indispensável de práticas colaborativas e sustentáveis.

  1. Adaptação às Dinâmicas Geopolíticas

O cenário internacional está instável, com conflitos armados significativos e crescentes tensões entre grandes potências resultando em sanções econômicas e barreiras comerciais, que dificultam os negócios. A chamada Guerra Fria 2.0 está forçando países a se posicionarem em relação às tensões, muitas vezes levando a contingenciamentos de mercados, como é o caso das ameaças tarifárias alardeadas por Trump.

Essa instabilidade internacional exige que as empresas do agronegócio adotem uma postura flexível e estrategicamente neutra nos seus relacionamentos comerciais. Para garantir que o Brasil continue se relacionando com todos os países, é essencial desenvolver estratégias de contingência e diversificar os mercados de exportação. Isso pode ser feito acompanhando de perto as políticas internacionais e estabelecendo diálogos contínuos com o governo para uma abordagem diplomática que apoie o setor privado e não gere incertezas.

2. Expansão no Mercado Asiático

O mercado asiático tem um vasto potencial de consumo, concentrando 60% dos habitantes e cerca de 40% do PIB (Produto Interno Bruto) globais. Além disso, registrou a maior redução da pobreza dos últimos 30 anos, segundo o Banco Mundial. Nesse mercado em desenvolvimento, muitos países regionais ainda possuem restrições comerciais aos produtos agrícolas brasileiros. “Após anos de disputas na OMC, o Brasil só conseguiu abrir o mercado de frango na Indonésia em 2019”, exemplifica Ibañez.
Nesse cenário, empresas devem investir em melhorias de qualidade e certificações que atendam aos padrões desses mercados. Trabalhar em parceria com entidades governamentais, promover feiras e missões comerciais são medidas essenciais para abrir novos mercados e fortalecer a presença brasileira. Foco na construção de relacionamentos de longo prazo e adaptação às preferências culturais locais facilitará a entrada de produtos brasileiros.

3. Fortalecimento da Diplomacia Comercial

A diplomacia brasileira possui uma expertise consolidada, especialmente no setor agrícola. Os diplomatas brasileiros têm excelente formação e profundo conhecimento dos mercados e das instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), que podem facilitar a abertura de novos mercados e lutar contra barreiras ou favorecimentos indevidos. Além disso, eles participam ativamente de reuniões de blocos econômicos e possuem conhecimento detalhado das especificidades de importantes parceiros comerciais, como a União Europeia e a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático).

A expertise da diplomacia brasileira deve ser melhor aproveitada pelo setor privado. Empresas do agronegócio precisam estabelecer canais de comunicação e cooperação com diplomatas, utilizando seus conhecimentos para penetrar em mercados difíceis e resolver barreiras comerciais. A colaboração entre setor privado e governo é fundamental para complementar esforços, recursos e expertises. Pressionar por uma maior integração da agricultura nas determinações de política externa e comercial do Brasil também é crucial. “Um dos caminhos é aumentar o papel do Mercosul na agricultura, como foro de concertação e atuação internacional dos países da região, para determinar posições comuns e exercer influência no âmbito multilateral”, afirma Ibañez.

4. Estratégias Sustentáveis e Inovação Ambiental

A questão ambiental é um ponto de destaque nos mercados globais, especialmente na Europa e, cada vez mais, na Ásia. O Brasil tem uma posição dúbia nessa área, apresentando dados favoráveis, como o uso de energia limpa, mas também taxas preocupantes de desmatamento na Amazônia e no Cerrado. A inserção de produtos agrícolas em mercados externos depende, em grande parte, da capacidade de atender às exigências ambientais e de lidar com a visão que países e compradores têm do Brasil. Também há uma corrida por posicionamento na economia verde, que pode ditar uma nova era de industrialização e serviços no mundo. Nesse caso, eficiência no uso de recursos naturais, economia circular e bioeconomia são requisitos estratégicos.

Empresas do agronegócio devem alinhar-se com os padrões internacionais de sustentabilidade e investir em inovação. "É fundamental que as empresas do agronegócio não apenas melhorem sua imagem, mas validem cientificamente métodos de produção sustentável, contribuindo para a defesa da agricultura tropical em fóruns internacionais," afirma Patrícia Cota, diretora executiva adjunta do Imaflora, fundador do Cacuí. Além disso, é crucial pressionar por políticas públicas que incentivem práticas sustentáveis e o combate ao desmatamento, garantindo que as práticas adotadas sejam reconhecidas e valorizadas internacionalmente. Na nova economia verde, há oportunidades de criar e expandir cadeias de bioprodutos, para mercados locais e internacionais, que requerem tecnologia aplicada e marketing assertivo.

5. Diversificação de Moedas e Mercados

As trocas comerciais estão cada vez mais diversificadas em termos de moedas, afastando-se da predominância do dólar. A instabilidade das moedas ocidentais, aliada ao aumento dos juros nos EUA, tem levado China e Rússia a utilizarem suas moedas locais para o comércio. Esse fenômeno é particularmente notável na Ásia e representa uma tendência clara de médio e longo prazo.
É vital que as empresas do agronegócio desenvolvam competências em transações multimoedas. Realizar acordos comerciais que incluam moedas locais de mercados emergentes pode diminuir a exposição à volatilidade do dólar. Além disso, investir em sistemas financeiros que suportem essa diversidade cambial e buscar orientação sobre regulamentações financeiras globais são medidas favoráveis às novas dinâmicas econômicas. A diversificação de moedas mitiga riscos financeiros, abre novas oportunidades de negócios e fortalece a resiliência das empresas em um ambiente econômico global em constante mudança.


SERVIÇO
GEOPOLÍTICA PARA UM AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

Coordenação: Imaflora/Cacuí, Agroicone

Palestrantes: Jamil Chade, Candice Viana (Itamaraty), Gustavo Wetmann (Chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais da Secretaria Geral da Presidência da República), Ana Goutierrez (União Europeia), Sérgio Gusmão (CEBRI), Juliana Lopes (Amaggi), Cristina Pecequino (Unesp/Unicamp/PUC-SP e CBN), Paulo Gala (FGC e Conselho da Fiesp), Ana Célia Castro (UFRJ) e Paulo Pianez (Marfrig).

Duração: 30 horas

Período: de 29/03 a 28/06

Formato: encontros quinzenais online aos sábados e uma sessão híbrida (presencial/online) em 26/04

Pré-requisito: ensino superior completo em áreas afins

Investimento: R$ 5 mil, parceláveis em dez vezes. Possibilidade de bolsas parciais ou integrais, a partir de critérios econômicos e de diversidade.

Inscrições: até 10/3, pelo endereço www.imaflora.org/geopolitica-agro-sustentavel

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Piscicultura brasileira apresenta aumento recorde nas exportações

 

Foto: Jefferson 

As exportações da piscicultura brasileira apresentaram um crescimento recorde de valor em 2024: aumento de 138%, em relação a 2023, chegando a 59 milhões de dólares. Em volume, o crescimento foi de 102%, passando de 6.815 toneladas para 13.792 toneladas. É o maior aumento em volume exportado desde 2021. O aumento dos embarques de filés frescos foi o principal fator responsável pelo incremento das exportações em 2024, atingindo US$ 36 milhões. Os peixes inteiros congelados foram a segunda categoria mais exportada com US$ 17 milhões. Essas e outras informações constam na mais nova edição do Informativo Comércio Exterior da Piscicultura, produzido pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). A publicação é gratuita e pode ser acessada neste link.

 

De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, o motivo do aumento de 138% no valor exportado deve-se à redução no preço da tilápia no mercado interno. “Houve uma importante queda no preço da tilápia paga ao produtor ao longo de 2024. Se no final de 2023 preço da tilápia pago ao produtor chegava a uma média de R$ 9,73 o quilo, ao término de 2024 esse valor caiu para R$ 7,85, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea. Isso estimulou que algumas empresas passassem a mirar o mercado externo”, explicou.

 

O aumento da cotação do dólar frente ao real também é outro fator que justifica o aumento das exportações, além da elevação da produção da tilápia. “Houve um aumento de produção da espécie, e o mercado interno não absorveu a maior oferta. Com isso, as empresas buscaram outros países para vender o pescado”, explica Pedroza.

 

Tilápia responde por 94% das exportações

 

A tilápia representa 94% das exportações na piscicultura nacional, totalizando US$ 55,6 milhões – crescimento de 138% em relação ao ano anterior. Em volume, houve um crescimento de 92%, atingindo 12.463 toneladas de tilápia vendida a outros países. Os curimatás ocuparam a segunda posição, com US$ 1,2 milhão e crescimento de 437% em valor.

 

Os Estados Unidos foram o país que mais importou o peixe brasileiro, sendo responsável por 89% das exportações nacionais da piscicultura em 2024, totalizando US$ 52,3 milhões. A principal espécie vendida aos norte-americanos foi a tilápia. Já os peixes nativos foram a preferência do Peru, que importou US$ 1,1 milhão de curimatá, US$ 746 mil de pacu e US$ 571 mil do nosso tambaqui.

 

Apesar do crescimento recorde nas exportações em 2024, a balança comercial de produtos da piscicultura fechou com déficit de US$ 992 milhões, devido ao aumento das importações que atingiram US$ 1 bilhão. O salmão é a principal espécie importada na piscicultura pelo Brasil, seguido pelo pangasius. “Houve um aumento de 9% em valor da importação do salmão e em 5% em volume, atingindo a marca de 909 milhões de dólares. Isso corresponde a 87% do volume total importado pelo país”, afirma Pedroza.


ABAG considera que presidente da COP vai contribuir positivamente com agenda global do clima

 


A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) recebeu de maneira muito positiva a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago para presidir a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá neste ano em Belém (PA) e parabeniza o diplomata por aceitar o desafio.

Para o presidente da entidade, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o diplomata Corrêa do Lago é reconhecido por sua grande experiência em assuntos climáticos e negociações internacionais.

“A COP30 tem um presidente capaz de conduzir as discussões em um momento crucial para a agenda global do clima, a sustentabilidade e a preservação. Um diplomata experiente, hábil e aberto ao diálogo, que vai contribuir para posicionar o nosso país como protagonista nesta agenda, reconhecer que o agronegócio é parte da solução para o combate às mudanças climáticas e implementar de forma efetiva as ações de mitigação”

Vale mencionar que o embaixador é o atual secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, e tem atuado com temas referentes ao desenvolvimento sustentável e a bioeconomia.

A ABAG cumprimenta também a secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, nomeada como diretora-executiva da COP.

UPL e Future Climate firmam parceria inédita para elevar o desempenho econômico e socioambiental da agropecuária



  • Parceria estabelece um marco para o setor, pois integra a nova economia do clima ao sistema de inovação e sustentabilidade do moderno agronegócio brasileiro 

São Paulo, 21 de janeiro de 2025 – A UPL Ltd. (NSE: UPL, BSE: 512070, LSE: UPLL), fornecedora global de soluções agrícolas sustentáveis, e a Future Climate, plataforma de negócios climáticos, anunciaram um acordo de colaboração para implementar um programa ambicioso com foco na agricultura regenerativa e no desenvolvimento de serviços ambientais. A união visa o fortalecimento de iniciativas sustentáveis nas cadeias de valor do agronegócio, de modo a destravar o potencial dos negócios do Brasil nesse setor. 

Com origem indiana e presente em mais de 130 países, a UPL é uma das cinco maiores companhias globais em seu ramo de atuação – que inclui biológicos e químicos –, e no Brasil, ocupa a quarta posição em faturamento, sendo a segunda maior fornecedora para o segmento de cooperativas. A empresa busca alinhar seu crescimento ao compromisso com práticas sustentáveis, aproveitando o vasto potencial do Brasil, para ampliar seus programas de agricultura regenerativa, biossoluções e descarbonização da agropecuária. 

Com a parceria, a Future Climate passará a atuar numa série de projetos com a UPL, incluindo: um inventário de emissões e um programa de redução de emissões corporativo; difusão de novas metodologias para remuneração de serviços ambientais; consultoria técnica para mensuração e desenvolvimento de protocolos agrícolas mais sustentáveis, com foco no aumento do sequestro de carbono no solo e adoção de biossoluções; e apoio à aplicação da inteligência climática no campo por meio do Programa Fazenda Carbono Inteligente. 

Rogério Castro, CEO da UPL Brasil afirma: "Esta parceria reforça nosso compromisso global de reimaginar a sustentabilidade na produção de alimentos. Isso começa por nossas práticas internas, que já estão bastante avançadas – como comprova nosso Relatório de Sustentabilidade –, como em ações externas, que auxiliem nossos clientes a avançarem nesse tema. Temos muito orgulho de levantar a bandeira da descarbonização do campo, algo que é fundamental para que nosso país continue colhendo mais e melhor. O campo sustentável é sinônimo de segurança alimentar para bilhões de pessoas que dependem dos frutos do agronegócio". 

Fábio Galindo, CEO da Future Climate, diz: "Estamos impulsionando uma mudança de paradigma, provando que é possível gerar valor econômico ao mesmo tempo em que incentivamos as práticas regenerativas, a adoção de biossoluções e a redução das emissões. Esse projeto reforça nosso compromisso de liderar a transição para uma economia de baixo carbono e promover uma agricultura ainda mais sustentável no Brasil e no mundo". 

Mercado de carbono e o agro 

Embora o agronegócio e o mercado de carbono ainda enfrentem desafios de integração, a UPL e a Future Climate veem nessa parceria uma oportunidade para promover uma maior conexão entre os setores. A geração de créditos de carbono por meio de práticas agrícolas regenerativas é uma das apostas da UPL para liderar essa transformação. "Nosso objetivo é estabelecer inciativas que elevem o desempenho econômico e socioambiental da agropecuária brasileira", comenta Castro. Já Galindo acrescenta: "Damos o claro sinal de que é possível trazer essa nova economia baseada em soluções climáticas e transição energética para o agronegócio". 

Soluções para o agro brasileiro 

A UPL considera que acelerar a adoção de biossoluções é uma das maneiras de tornar o setor agropecuário brasileiro mais sustentável e competitivo. A iniciativa ganha ainda mais relevância, ao considerar que a UPL é uma das líderes no fornecimento de insumos biológicos no Brasil e no mundo, por meio de sua unidade de negócios Natural Plant Protection (NPP). Nos últimos anos o segmento de biológicos experimentou uma grande expansão, ocasionada pela busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e rentáveis. 

O trabalho da Future Climate também envolverá a aplicação da inteligência climática do programa Fazenda Carbono Inteligente em propriedades rurais selecionadas pela UPL. Esse programa tem o objetivo de identificar oportunidades para a geração de ativos ambientais, incluindo os créditos de carbono e mapear potenciais riscos climáticos, seja nas áreas rurais que constituem a cadeia de fornecimento da empresa, clientes ou consumidores. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Conab aponta para safra de café em 54,2 milhões de sacas em 2024 impactada por clima adverso

 As condições climáticas se mostraram desafiadoras para o setor cafeeiro nos últimos quatro anos - geadas, restrição hídrica e altas temperaturas, ocasionadas pelos fenômenos climáticos. O clima adverso registrado no ano passado e no final de 2023 trouxe impacto para importantes regiões produtoras de café, influenciando negativamente na produtividade média das lavouras. Com isso, a safra do grão se encerra estimada em 54,2 milhões de sacas de 60kg, como mostra o 4º e último levantamento da cultura para o ciclo de 2024 divulgado nesta terça-feira (21) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O resultado é 1,6% abaixo do volume produzido na safra de 2023. Quando comparado com 2022, último ano de alta de bienalidade, observa-se um crescimento de 3,3 milhões de sacas.

A área total destinada à cafeicultura no país, em 2024, totaliza 2,23 milhões de hectares, sendo 1,88 milhão de hectares com lavouras em produção e 353,6 mil hectares em formação. A produtividade média nacional de café, finalizada em 28,8 scs/ha, é 1,9% abaixo da obtida na safra de 2023. 

Maior estado produtor de café no país, responsável por 52% da produção, Minas Gerais registra uma colheita de 28,1 milhões de sacas, queda de 3,1% em comparação ao total colhido na safra anterior. Essa redução se deve às estiagens acompanhadas por altas temperaturas durante o ciclo das lavouras e, agravadas, a partir de abril, quando as chuvas praticamente cessaram em todo o estado, com registros de precipitações pontuais e de baixos volumes.

Arábica e conilon – Entre as espécies, apesar deste ano de ciclo de bienalidade positiva, o desempenho médio do arábica apresenta pequeno incremento de 0,2% devido às adversidades climáticas durante o desenvolvimento das lavouras observadas, principalmente, em Minas Gerais. Com isso, a produção de arábica totaliza 39,6 milhões de sacas de café beneficiado, aumento de 1,8% em relação à safra passada.

Já para o conilon, a Conab verifica redução de 5,9% na produtividade média, chegando a 39,2 scs/ha, o que resulta em uma safra de 14,6 milhões de sacas. Apenas no Espírito Santo, a produção atingiu 9,8 milhões de sacas, redução de 3,1% em relação ao volume obtido em 2023. Apesar do ciclo no estado capixaba ter apresentado um potencial produtivo muito bom no seu início, as condições climáticas entre outubro e dezembro de 2023, com episódios de ondas de calor intensas, proporcionaram uma quebra deste potencial na safra de 2024. O levantamento da safra cafeeira no Espírito Santo é realizado em conjunto com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper. As possíveis diferenças com outras instituições são sempre motivo de análise pela Conab.

Outro importante produtor de conilon, Rondônia registra uma safra de pouco mais de 2 milhões de sacas de café, 31,2% abaixo do resultado obtido na safra anterior. Assim como no Espírito Santo, o clima adverso registrado no final de 2023 também impactou no volume colhido no ano passado, além do ajuste de área devido ao mapeamento.

Mercado – O Brasil exportou 50,5 milhões de sacas de 60 quilos de café em 2024, número que representa um novo recorde e alta de 28,8% na comparação com o ano anterior, segundo dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Essa exportação gerou uma receita de US$ 12,3 bilhões em 2024, o maior valor já registrado no Brasil, representando uma alta de 52,6% na comparação com 2023.

A quantidade exportada pode ser composta de estoques de produção de diferentes anos-safra. Nesse sentido, entende-se que o quadro de suprimento não pode levar em consideração apenas o volume produzido na última safra.

Entre os motivos que contribuíram para o crescimento nas exportações de café do país em 2024 estão a valorização do produto no mercado internacional e a valorização do dólar. O cenário de oferta e demanda global ajustado influenciou a alta dos preços do produto no ano passado, mesmo com a recuperação da produção em alguns países. Outro fator altista para os preços foi a ocorrência de novas adversidades climáticas em importantes países produtores, que limita a recuperação da oferta futura.

Pesquisa usa tecnologia de ponta para definir a “impressão digital” da carne gaúcha

 Mais de 20 pesquisadores de diferentes instituições brasileiras compõem um estudo, capitaneado pela Embrapa Pecuária Sul (RS), que tem como objetivo identificar a “impressão digital” da carne bovina gaúcha, de acordo com os diversos sistemas de produção e territórios em que é produzida. A partir de ferramentas de metabolômica, ciência de ponta que permite conhecer a fundo o sistema biológico dos animais, a pesquisa vai fazer uma ampla caracterização da carne produzida no estado, relacionando a sua composição ao ambiente de criação e aos reflexos para a saúde humana. Para isso, conta com suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

 

O projeto, intitulado “Prospecção nutricional e metabolômica da carne bovina produzida em sistemas pecuários modais do Rio Grande do Sul e seus potenciais impactos na saúde humana”, é liderado pela pesquisadora da Embrapa Élen Nalério. A premissa é que diferentes sistemas produtivos, formas de criação animal, intensidades de produção, solo, raça, entre outros fatores, interferem nos sistemas biológicos dos animais e, por consequência, na carne produzida.


Em um primeiro momento, o projeto vai identificar os sistemas de produção de gado de corte modais, ou seja, os mais prevalentes no Rio Grande do Sul. “Entre esses, vamos selecionar entre três e cinco a serem estudados. A partir daí, faremos uma ampla análise das características da carne, buscando relacionar com o tipo de sistema e o local em que foi produzida”, explica Nalério.


Para a caracterização da carne, serão utilizadas ferramentas inovadoras, como a metabolômica, uma área da ciência relativamente nova, que possibilita chegar a uma sinopse bioquímica de um sistema biológico, investigando, por exemplo, as relações e o impacto de determinado sistema produtivo na qualidade do produto final da pecuária de corte, que é a carne.

 

A técnica permite identificar os diferentes metabólitos formados na carne durante a vida do animal.  “Com o refinamento da metabolômica, conseguimos ampliar a nossa visão e a compreensão sobre os muitos compostos presentes na carne, e não apenas dos macronutrientes”, complementa a pesquisadora.

 

Inteligência computacional vai definir padrões nutricionais

Outra ferramenta que será utilizada é a inteligência computacional (IC) para o desenho de modelos com as características avaliadas em cada sistema de produção. Para tanto, será criado um banco de dados com todas as informações coletadas, como o tipo de solo, a região, o sistema produtivo, que tipo de alimentação o animal teve, a idade de abate, entre outras, além de dados obtidos em laboratório nas análises das amostras de carne. A partir disso, será feito um processo de aprendizado de máquina com o objetivo de desenvolver algoritmos e modelos capazes de aprender padrões a partir dos dados coletados na pesquisa.

 

Com as ferramentas de IC será possível estabelecer padrões de perfis nutricionais vinculados ao ambiente produtivo que deu origem à carne. Segundo Nalério, uma vez estabelecidos esses padrões, os modelos poderão ser aplicados em sistemas similares para estimar o perfil nutricional em pesquisas e análises futuras. “A IC também estabelecerá perfis de saudabilidade e como cada tipo de carne poderá contribuir para o suprimento das necessidades diárias de consumo de proteínas e de outros nutrientes”, acrescenta.

 

A pesquisadora destaca ainda a importância da equipe multidisciplinar que participa da pesquisa. “Temos representantes de diferentes áreas de atuação no estudo, como por exemplo, matemáticos e pesquisadores de TI para o trabalho com inteligência computacional”, pontua. Além disso, o projeto conta com pesquisadores da Embrapa Gado de Leite (MG), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com expertises nas áreas de produção animal, química e engenharia de alimentos, ciência da carne, estatística, física e matemática aplicada.

 

Dados podem combater desinformações sobre o consumo de carne

Um dos resultados previstos no projeto é a disponibilização dessas informações para a sociedade, a partir de um dossiê com as características do produto carne nos diferentes sistemas de produção. A expectativa é que o conhecimento gerado contribua para a tomada de decisão consciente quanto à inclusão da carne nas dietas. De acordo com Nalério, uma das ferramentas de IC que será desenvolvida prevê relacionar os requerimentos diários de nutrientes com a forma como as carnes podem ser utilizadas nesse processo. “As informações geradas também poderão subsidiar o Guia Alimentar para a População Brasileira, com dados mais precisos da carne gaúcha, além de combater desinformações sobre a composição das carnes e o impacto do seu consumo para a saúde humana”, ressalta.


Para ela, existe uma mudança do perfil dos consumidores, bem como muitas pressões sociais, comerciais e ambientais que têm constantemente questionado tanto a produção quanto o consumo de carne. Isso leva a uma preocupação em larga escala sobre os efeitos da carne na saúde humana e também nas mudanças do clima. “Porém, nossos indícios apontam que as carnes gaúchas podem ofertar características interessantes para os consumidores, tanto sob o ponto de vista de eficiência de produção, quanto em termos de saudabilidade”, observa. Os dados gerados também poderão ser utilizados para a valorização da carne gaúcha, abrindo mercados e criando subsídios para distinções de origem ou selos de qualidade.


A pesquisadora afirma ainda que tem a intenção de fazer um projeto similar em todo o Brasil, abrangendo os diferentes sistemas de produção e biomas do País. “Um dos objetivos desse projeto no Rio Grande do Sul é expandir os conhecimentos para desenvolver e validar metodologias que poderão ser aplicadas em pesquisas em outras regiões”, enfatiza.

 

Análises vão considerar dados dos ambientes produtivos e de laboratório

Nas propriedades pecuárias monitoradas serão coletadas as informações que vão compor o banco de dados para o estabelecimento das características do ambiente de produção e do perfil nutricional das carnes. Para tanto, serão avaliados dados referentes ao tipo de alimentação (dieta), raça, sexo, idade do abate, tempo na terminação, fertilidade e estoque de carbono de solo, taxa de lotação, localização geográfica, intensidade de emissões de metano entérico, produção e valor nutritivo do pasto.

 

Já as amostras de carne serão coletadas junto aos frigoríficos no dia do abate dos lotes de animais de cada estabelecimento rural. Uma porção entre a 11ª e a 13ª costelas, correspondente ao músculo Longissimus dorsi, será coletada para a realização das análises físico-químicas, de ácidos graxos, vitaminas e minerais e metabolômica. Os dados de características de carcaça (peso de carcaça quente, acabamento de gordura, conformação e rendimento de carcaça), serão obtidos junto aos frigoríficos. As amostras, após serem submetidas ao congelamento rápido, serão encaminhadas para o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Carnes da Embrapa Pecuária Sul e para a Unipampa para realização das análises.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Embrapa Pecuária Sul apresenta pesquisas na 17ª Agrovino

 

Foto: Fernando Goss

A Embrapa Pecuária Sul participa da 17ª Agrovino, que será realizada entre os dias 15 e 18 de janeiro, na Associação Rural de Bagé (RS). No evento, que é uma das maiores feiras voltadas para a ovinocultura na região, a Embrapa vai apresentar projetos de pesquisas, soluções tecnológicas, além de atender o público presente com informações sobre o setor.

Uma das pesquisas que serão apresentadas é a da seleção assistida para ovinos. O projeto prevê a utilização de carneiros melhoradores, que fazem parte do plantel da Embrapa, em rebanhos comerciais. Esses reprodutores estão sendo melhorados com genes de prolificidade, de melhor acabamento da carcaça, de queda da lã naturalmente e maior resistência à verminose. Segundo o pesquisador Carlos Hoff de Souza, a próxima fase do projeto é buscar produtores parceiros para a utilização dessas características genéticas em rebanhos comerciais.

Outra pesquisa que está em desenvolvimento na Embrapa visa a utilização de lã grossa de ovinos na produção de agromantas, realizada em parceria com a Paramount Têxteis e a Cooperativa de Lãs Tejupá. Segundo a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Magda Benavides, o objetivo é a produção de um insumo para ser empregado na proteção de mudas de árvores frutíferas, utilizando a lã que hoje tem pouco valor comercial. Magda também vai apresentar na feira recomendações para o controle de verminose em ovinos.

Congresso Brasileiro de Soja debaterá 100 anos de soja no Brasil vislumbrando o amanhã

  CBSoja debate 100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã A 10ª edição do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e do Mercosoja 2025 ...