quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Processo de recobrimento do morango pelo biofilme (foto: Mirella Romanelli Vicente Bertolo )


Elton Alisson | Agência FAPESP – Um biofilme comestível, obtido a partir de resíduos da agricultura e da indústria pesqueira e desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), permite aumentar a vida útil do morango (Fragaria x ananassa Duch).

Em testes em laboratório, os pesquisadores constataram que, ao longo de 12 dias de armazenamento sob refrigeração, os frutos revestidos com a película apresentaram 11% menos redução de peso e demoraram entre 6 e 8 dias para começar a ser contaminados por fungos em comparação a quatro dias das frutas não recobertas com o material.

Os resultados do trabalho, realizado com apoio da FAPESP e em colaboração com pesquisadores da Embrapa Instrumentação e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foram descritos em artigo publicado na revista Food Chemistry.

“Por meio da aplicação do revestimento foi possível dobrar a vida útil de morangos mantidos sob refrigeração e retardar a desidratação dos frutos, conservando, ao mesmo tempo, o sabor, a textura e os compostos voláteis, que conferem o aroma característico da fruta”, disse à Agência FAPESP Mirella Romanelli Vicente Bertolo, pós-doutoranda na Embrapa Instrumentação e primeira autora do estudo.

O trabalho foi iniciado durante o doutorado de Bertolo no IQSC-USP, sob orientação do professor Stanislau Bogusz Junior.

Durante a pesquisa, eles conseguiram desenvolver uma técnica que permite, por meio do uso de solventes eutéticos naturais profundos (NADES, na sigla em inglês), extrair da casca de romã (Punica granatum L.) 84,2% mais antioxidantes – substâncias que possuem propriedades conservantes.

“Mais de 40% da romã, dependendo da variedade, é composta por casca, que é desperdiçada. Nossa ideia foi aproveitar esse resíduo para obter extratos ricos em compostos fenólicos, com atividades antioxidante e antimicrobiana”, diz Bogusz.

Com o sucesso do desenvolvimento do método de extração, os pesquisadores decidiram testar a hipótese de incorporar os antioxidantes da romã a revestimentos à base de gelatina e quitosana – um polímero (polissacarídeo natural) encontrado nos esqueletos de crustáceos, como o camarão –, para desenvolver uma película protetora para frutas.

“Optamos por utilizar a quitosana extraída de gládios [conchas internas] de lula por meio de um processo de desacetilação da quitina encontrada nesse molusco porque ela não apresenta o problema de alergenicidade como a da obtida de camarão. E combinamos esse material com outro polímero, no caso, a gelatina, com o intuito de melhorar suas propriedades mecânicas”, explica Bogusz.

Fruta altamente perecível

O morango foi escolhido como sistema modelo para testar a eficácia do biofilme porque é um dos itens com maiores índices de perda nos mercados brasileiros, devido à sua perecibilidade e curta vida útil, de cerca de menos de sete dias sob refrigeração.

“O morango é um fruto que tem atividade respiratória muito alta e pH [acidez] muito baixo. Por isso, é muito suscetível ao ataque de microrganismos. Além disso, é muito úmido e os frutos são pequenos. Com base nisso, levantamos a hipótese de que se o material que desenvolvemos funcionasse seria eficiente em qualquer outro fruto”, diz Bogusz.

Para testar essa hipótese, os pesquisadores revestiram morangos com o filme comestível por meio de imersão e avaliaram os efeitos do material no perfil físico-químico, microbiológico, volátil e nas características sensoriais dos frutos ao longo de 12 dias de armazenamento refrigerado.

Os resultados indicaram que o material forma uma película na superfície do fruto que funciona como uma barreira à passagem de microrganismos, à perda de umidade e à troca de gases, modificando a respiração do morango. Dessa forma, o revestimento retarda o metabolismo do fruto durante o período pós-colheita e, consequentemente, aumenta sua vida útil, preservando a cor, firmeza e os compostos bioativos da fruta.

“Constatamos que a película permitiu manter a textura, retardar a contaminação por microrganismos e reduzir a perda de massa dos frutos, que é observada quando o morango murcha. Isso acontece muito comumente em frutos não revestidos porque eles perdem água facilmente e desidratam”, afirma Bertolo.

De acordo com a pesquisadora, o filme também permitiu reduzir a gravidade de lesões por fungos e melhorar o perfil de voláteis dos frutos. “O material possibilitou preservar 40% a mais desses compostos que são responsáveis pelo aroma da fruta”, diz Bertolo.

O biofilme também não interferiu nas características sensoriais da fruta, como o sabor, conforme constatado por meio de testes de análise sensorial feitos com alunos do curso de graduação em química do IQSC-USP.

“Os resultados dos testes mostraram que eles não identificaram diferenças no gosto, aroma e características visuais do morango revestido com o material em comparação com morangos sem a película” afirma Bertolo.

Os pesquisadores entraram com o pedido de depósito de patente da formulação, após o que pretendem licenciar a tecnologia para empresas interessadas.

As análises econômicas indicaram que o revestimento poderá ter um custo estimado em, aproximadamente, R$ 0,15 por fruta.

“Esse é um custo que os consumidores podem estar dispostos a pagar por uma fruta com maior vida útil e com aproveitamento maior”, estima Bertolo.

O artigo Improvement of the physical-chemical microbiological, volatiles and sensory quality of strawberries covered with chitosan/gelatin/pomegranate peel extract-based coatings pode ser lido em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0308814625000056.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

A agropecuária é uma aliada ao combate aos incêndios em áreas rurais e periurbanas

 

Paulo Campos Christo Fernandes e Giovana Alcantara Maciel (pesquisadores da Embrapa Cerrados)

São frequentes as queimadas nos meios rural e periurbano, principalmente durante a estação seca, após longos períodos de estiagem, como as que ocorreram no Brasil no ano passado e estão ocorrendo neste momento em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Em áreas agrícolas, as queimadas provocam diversos prejuízos, como a perda da matéria orgânica fornecida pelos restos de culturas e plantas de cobertura e danos à microbiota do solo. Os prejuízos aos pecuaristas também são evidentes – há perda de biodiversidade, morte de animais, destruição de infraestrutura, como cercas, redes de energia elétrica e edificações.

A população local e as estradas são diretamente afetadas. O setor agropecuário moderno e eficiente não é tolerante às queimadas, uma vez que causam danos econômicos e ambientais. A urgência em resolver o problema é consenso na sociedade. Mesmo grandes cidades e aeroportos têm sido afetados pela baixa qualidade do ar, decorrente de partículas nocivas oriundas da fumaça produzida por queimadas generalizadas, como as que ocorreram nos últimos anos e se intensificaram na estação seca de 2024.

Avaliação e diagnóstico 

O território brasileiro é amplo e diversificado em termos de clima, solo e estrutura fundiária e as soluções precisam ser customizadas. Ações preventivas são menos onerosas do que o combate às chamas, mas precisam de orçamento anual, gestão descentralizada e transparência. É necessário ter equipes multidisciplinares para atuar nas etapas de diagnóstico, avaliação de risco, planejamento, monitoramento, combate precoce ao fogo, medição de impacto das ações preventivas e avaliação das lições aprendidas.

Regiões onde ocorrem queimadas intencionais devem investir em conscientização, capacitação e acesso às tecnologias de produção agropecuária, para que as populações rurais substituam a antiga prática de utilizar o fogo para limpeza de área e queima de lixo e adotem práticas modernas de manejo. É urgente deixar claro que provocar queimadas ilegais é crime.

O Brasil possui longa experiência em monitoramento de focos de queimadas, com uso de bases de dados de imagens de satélites, que permitem identificar, de forma inequívoca, os locais onde as queimadas foram iniciadas. Com essas informações, pode-se reforçar os alertas e as campanhas preventivas nas regiões de maior incidência histórica de focos iniciais de incêndios. A efetividade das operações de combate será maior se ocorrer nos primeiros minutos de fogo.

É importante que as ações preventivas ocorram durante a estação chuvosa. O “alerta climático” precoce de estiagem prolongada deve fazer parte dessa agenda para reduzir os riscos e, em algumas situações, induzir mudanças emergenciais no planejamento das ações de prevenção e combate a incêndios em áreas rurais e periurbanas.

Contribuições da atividade agropecuária

As áreas de cultivos anuais naturalmente estão mais expostas ao risco de incêndios. A palhada, apesar de sua importância agronômica como fornecedora de matéria orgânica, prevenção da erosão, redução da temperatura do solo, entre outros benefícios, eleva esse risco. A proximidade das áreas agrícolas de comunidades rurais e estradas ainda é fator agravante.

Uma técnica de manejo eficiente é o pastoreio de animais no final da estação chuvosa com o objetivo de reduzir a quantidade de palhada. O pastejo controlado intensifica a ciclagem de nutrientes no solo e disponibiliza alimentação volumosa aos animais, além de reduzir o risco e facilitar o controle de queimadas. Apesar de ser uma estratégia barata, eficiente e ambientalmente correta, sua adoção deve considerar os planos de prevenção a queimadas e as legislações ambientais. O acero, que é a remoção de palhada por  meio de gradagem, próximo às estradas também é importante ferramenta para prevenção à entrada do fogo na propriedade rural.  

Políticas públicas 

São várias as regulamentações federais e estaduais que propõem ações que podem auxiliar na prevenção de queimadas. A Política Estadual de Gestão e Proteção à Bacia do Alto Paraguai no estado do Mato Grosso (Lei n. 12.653/2024), por exemplo, admite o acesso à pecuária extensiva e à prática de roçada, visando justamente a redução de biomassa vegetal combustível e os riscos de incêndios florestais, desde que não provoque degradação ambiental, sendo proibida a substituição da vegetação nativa por gramíneas exóticas.

O Projeto de Lei 4.508/2016, em tramitação na Câmara dos Deputados, autoriza a criação de animais em área de Reserva Legal, mediante aprovação de plano de manejo florestal pelo órgão ambiental competente e com o objetivo de controle do volume de massa das forrageiras nativas ou cultivadas já existentes. O Projeto de Lei 1.533/2023, pronto para deliberação no Senado Federal, autoriza o plantio de culturas anuais em áreas laterais de rodovias, conhecidas como faixas de domínio, prática essa que auxiliará na manutenção de vegetação nas beiras das rodovias, diminuindo a biomassa disponível para queimadas. Uma inovação seria a inclusão de uma função de notificação de fogo e fumaça, em tempo real, em aplicativos de navegação por GPS, atualmente amplamente utilizados nos aparelhos celulares.

O período seco ocorre todos os anos, em menor ou maior intensidade, sempre trazendo riscos de queimadas e não pode ser considerado uma surpresa. As ações conjuntas de prevenção a queimadas devem ser estabelecidas e efetivadas no momento certo. Com a ampliação da adoção de boas práticas e o manejo adequado, a agricultura e a pecuária são aliadas aos planos de prevenção de incêndios no Brasil.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Embrapa Café lança publicação sobre manejo integrado de pragas e doenças dos cafés conilon e robusta

 


Circular Técnica destaca as principais pragas e doenças que afetam o Coffee canephora no Brasil e apresenta as respectivas diretrizes de monitoramento e manejo

Nova publicação da série Embrapa, Circular Técnica nº9 – “Manejo integrado de pragas e doenças dos café conilon e robusta”, lançada pela Embrapa Café, coordenadora do Consórcio Pesquisa Café, tem como objetivo apresentar de forma detalhada as principais pragas e doenças que afetam a produção de Coffee canephora no território nacional, e ainda trazer informações sobre a biologia e as recomendações necessárias para a adoção do manejo integrado dos problemas fitossanitários que afetam a cultura desse tipo de café.

Em geral, as pragas e as doenças do cafeeiro representam fatores limitantes para a produção e a produtividade da cultura, tanto para os pequenos agricultores de base familiar, como para os grandes produtores em escala empresarial, e, assim, podem causar grandes perdas aos produtores quando não manejadas com base nas recomendações técnicas. Com esse propósito, esta Circular apresenta as principais diretrizes de monitoramento e de manejo que visam mitigar e minimizar os efeitos deletérios de tais problemas em relação à espécie de C. canephora.

O Brasil é também historicamente um grande produtor e exportador da espécie de C. canephora, sendo os estados do Espírito Santo e de Rondônia que lideram a produção dessa espécie. Em geral, dependendo das peculiaridades específicas de cada safra brasileira, a cada ano, a espécie de Coffea arabica representa em torno de 70% da produção total e a da espécie de C. canephora 30%. Diante de tais performances, constata-se que a produção dos cafés robusta e conilon historicamente possui grande importância econômica e social para o nosso país.

Contudo, as pragas e doenças do cafeeiro de C. canefora, que são objeto desta Circular Técnica, conforme já foi mencionado, representam fatores limitantes para a produção e produtividade da cultura. Assim, para assegurar a sustentabilidade dos sistemas produtivos, as estratégias de manejo e controle de pragas e doenças devem ser priorizadas e aplicadas em escala temporal e espacial. Essa estratégia se baseia em um conjunto de ações que promovem menos impacto ao meio ambiente e à saúde do trabalhador. Para tanto, conforme as recomendações técnicas da Circular, exige o envolvimento multidisciplinar de diferentes áreas do conhecimento em toda a cadeia produtiva, para que haja garantia da produtividade, qualidade, lucratividade e desenvolvimento rural.

A publicação Circular Técnica nº9 – “Manejo integrado de pragas e doenças dos café conilon e robusta”, lançada pela Embrapa Café, visa disponibilizar informações atualizadas das principais pragas e doenças e de medidas para a adoção do manejo integrado na cultura dos cafés conilon e robusta. Para o controle químico, foi consultado o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o qual reúne informações de defensivos agrícolas registrados para as culturas.

Ao final da publicação foi incluída uma síntese de diretrizes de monitoramento e manejo para o controle das pragas e doenças dos cafés conilon e robusta, a fim de facilitar o acesso à informação no campo. Espera-se que o conjunto de informações apresentadas agregue conhecimentos e facilite a tomada de decisão dos produtores. 

Leia esta ANÁLISE/DIVULGAÇÃO na íntegra na página da EMBRAPA CAFÉ e do Observatório do Café e do Consórcio Pesquisa Café

Conheça o acervo de publicações da Embrapa Café e baixe os arquivos pelo link https://www.embrapa.br/cafe/publicacoes. Acesse também todas ANÁLISES e notícias da cafeicultura no Observatório do Café.

Jovens do agronegócio do Rio Grande do Sul se preparam rumo ao Canadá

 Através do programa Young Farmers, 18 jovens brasileiros vivenciarão experiencia no agronegócio graças a uma parceria entre Paulo Herrmann e EMATER RS

 

São Paulo, 9 de janeiro de 2025 – Os desafios já começaram para um grupo de jovens ligados ao agronegócio no Rio Grande do Sul. Dezoito alunos embarcarão para Vancouver, em março, para vivenciar experiencias inéditas no agronegócio canadense.  Tudo começou com um sonho de um filho de agricultores de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul chamado Paulo Herrmann. Seu objetivo é transformar o futuro de jovens agricultores e pequenas comunidades no estado. Em uma iniciativa inédita, Herrmann, em parceria com a EMATER RS, lançou o programa Young Farmers, um projeto que abre portas para jovens com perfil de liderança e espírito empreendedor, proporcionando uma experiência internacional transformadora no Canadá. Com o apoio essencial da EMATER RS e de patrocinadores, além do suporte do Consulado Canadense, através do Trade Commissione, Paulo Orlandi, o programa foi viabilizado pela Canada Intercambio, uma empresa canadense que reuniu todas as partes essenciais e coordenou a logística para tornar a iniciativa uma realidade.


Cronograma do programa:  No dia 9 de dezembro de 2024, os alunos iniciaram um curso de inglês online ministrado pela SELC Languages School, de Vancouver. Essa etapa será concluída no dia 18 de janeiro de 2025.

A partir de 27 de janeiro, os participantes continuarão os estudos no Brasil, dedicando-se, durante oito semanas, a temas essenciais como comunicação nos negócios internacionais, sustentabilidade, inovação tecnológica e os desafios do setor agrícola. Essa etapa será conduzida pela SELC College.

No dia 29 de março, o grupo embarcará para Vancouver, no Canadá. Durante cinco semanas no país, os alunos se aprofundarão em tópicos avançados relacionados à agricultura familiar canadense e a técnicas sustentáveis.

Entre os dias 1º e 5 de maio, os participantes serão alocados em propriedades rurais na província de British Columbia. Lá, terão a oportunidade de vivenciar na prática temas como agropecuária, plantações sustentáveis, criação de animais, entre outros. O objetivo é que as experiências adquiridas no Canadá sejam adaptadas e aplicadas no contexto brasileiro.

O programa contará com alunos de diversas cidades do Rio Grande do Sul, incluindo São Francisco de Paula, Caseiros, Barão, Pelotas, Rio Grande, Ibirubá, Novo Machado, Santo Augusto, Cacique Doble, Saldanha Marinho, Carazinho, Cruz Alta, Cândido Godói, São Paulo das Missões, Sede Nova, Cuiabá e Estrada Velha.

Organização do programa - A criação do projeto demandou meses de planejamento e organização. “A EMATER RS foi fundamental para a concretização deste projeto, assim como nossos patrocinadores, que acreditaram em nossa proposta”, comenta Herrmann. O principal objetivo do programa Young Farmers é conectar os jovens ao cenário global, apresentando novas tecnologias, práticas sustentáveis e métodos avançados de agricultura. “Não é apenas sobre aprender algo novo, mas sobre abrir a mente para uma visão global. Precisamos de líderes que falem inglês, que estejam conectados com o mundo e que enxerguem oportunidades”, ressalta o executivo.


Cada jovem selecionado para o Young Farmers recebeu investimento de R$ 80 mil, cobrindo despesas de viagem, hospedagem, alimentação, capacitação e todas as atividades no Canadá. Até o momento, 20 jovens foram inscritos. Herrmann, até então, ao lado da presidente da EMATER RS, Mara Saalfeld, acompanhou de perto cada etapa do projeto, desde a concepção, incluindo uma visita ao Canadá para conhecer a instituição acadêmica parceira e diversas propriedades agrícolas na província de British Columbia, onde os estudantes terão imersão prática.


Durante sua visita, Herrmann fez uma apresentação com dados para uma audiência estratégica, incluindo CEOs das Vancouver e Surrey Board of Trade, o BC Council for International Education, representantes do Farmers of BC Community, Departamento de Comércio Exterior, Consulado-Geral do Brasil, além do Ministério do Trabalho e do Ministro da Educação da Colúmbia Britânica.


 

 

Estrutura do Programa e Transformação de Vidas - Young Farmers oferece uma formação sólida de oito meses, que combina aprendizado no Brasil e no Canadá, com o objetivo de capacitar jovens agricultores para aplicar práticas inovadoras em suas comunidades de origem. Inicialmente, no Brasil, os participantes passam por quatro semanas de inglês especializado no agronegócio, seguidas por oito semanas de formação acadêmica, abordando temas essenciais como comunicação nos negócios internacionais, sustentabilidade, inovação tecnológica e os desafios econômicos do setor agrícola. Em seguida, embarcam para o Canadá, onde continuarão com a formação acadêmica por cinco semanas, aprofundando-se em tópicos avançados sobre agricultura familiar canadense e técnicas sustentáveis.


Posteriormente, os estudantes participam de uma imersão prática de quatro meses, acolhidos por agricultores locais, engajados no projeto, onde poderão aplicar o conhecimento em operações reais e trocar experiências. Esses jovens brasileiros, que já possuem experiência no setor agro, contribuem com suas perspectivas enquanto aprendem sobre as melhores práticas canadenses. O objetivo é fomentar uma colaboração bilateral, criando laços de confiança e interesses compartilhados, fortalecendo as propriedades agrícolas tanto no Brasil quanto no Canadá, em uma parceria que valoriza o crescimento mútuo e o compartilhamento de conhecimentos.


O programa foi criado a partir de uma aspiração pessoal de Herrmann, que o acompanha de perto do início ao fim, sem nenhum interesse financeiro. “É importante ser altruísta e deixar um legado. Tive uma carreira executiva bem-sucedida e agora quero retribuir, investindo nos jovens. Estou convencido de que este programa será transformador e, no futuro, quero levar mais jovens para viver essa experiência”, diz Herrmann, ressaltando que o propósito é incentivar os jovens a encontrarem um propósito genuíno em suas vidas.

Ao final do programa, cada estudante recebe um certificado emitido pelo Ministério da Educação do Canadá, validando sua formação internacional e abrindo novas perspectivas para a aplicação de suas habilidades no Brasil.

 

 


Por que o Canadá? O Canadá foi escolhido por sua abertura a novas culturas e por compartilhar com o Brasil características como vasta extensão territorial e diversidade cultural. Segundo dados recentes da Statistics Canada, o país ultrapassou a marca de 40 milhões de habitantes em 2023. “O Canadá oferece um ambiente favorável para quem busca expandir horizontes e adquirir novos conhecimentos”, comenta Herrmann. Além disso, o agronegócio canadense é um setor robusto, empregando 2,3 milhões de pessoas e gerando 143,8 bilhões de dólares canadenses, representando cerca de 7% do PIB nacional. “Esse setor essencial para a economia canadense busca continuamente trocar experiências e inovações com outros países, e o Young Farmers promove exatamente esse tipo de colaboração e desenvolvimento mútuo”, complementa Rosa Maria Troes, CEO da Canada Intercambio.



Impacto para Empresas e Desenvolvimento do Setor - O programa conta com apoio de empresas e cooperativas de diferentes áreas – incluindo tecnologia agrícola, irrigação e o setor financeiro – todas comprometidas com o desenvolvimento de uma nova geração de líderes para o agronegócio brasileiro. Além do apoio financeiro, alguns dos patrocinadores esperam que esses jovens, ao retornarem, realizem estágios em suas empresas e, eventualmente, ocupem posições estratégicas, trazendo a visão global e o conhecimento prático adquiridos no exterior.

“Neste programa, tivemos duas abordagens: a maioria dos estudantes foi selecionada pela EMATER, enquanto alguns patrocinadores indicaram candidatos específicos, todos passando pelo mesmo critério rigoroso de avaliação”, explica Herrmann. Ele cita exemplos como o de uma cooperativa que indicou jovens para desenvolver o cooperativismo e uma empresa de biodiesel de Passo Fundo que aposta nesses futuros líderes para sua continuidade.

 

Retorno ao Brasil e Projetos de Implementação - Após 4,5 meses de experiência prática em propriedades no Canadá, os jovens serão recebidos pela EMATER e pelos patrocinadores no Brasil, que acompanharão a implementação dos projetos desenvolvidos durante o intercâmbio. “Queremos que os participantes apliquem os conhecimentos adquiridos, seja em suas propriedades familiares ou nas empresas patrocinadoras, promovendo um impacto direto em suas comunidades”, ressalta Rosa Maria. Dessa forma, o Young Farmers visa não apenas capacitar esses jovens, mas também fortalecer o futuro do agronegócio brasileiro, com uma geração preparada para enfrentar os desafios globais da produção de alimentos.

 

Inscrições Abertas e Expansão do Projeto - Estão abertas as inscrições para a segunda edição do programa Young Farmers! Jovens de 19 a 26 anos interessados em participar, assim como empresas que desejam patrocinar essa iniciativa, podem garantir sua vaga.

https://www.canadaintercambio.com/idiomas-e-carreira/carreira-e-negocios/programa-young-farmers-jovens-no-agronegocio/


Recordes históricos de exportações acendem sinal de alerta para fiscalização agropecuária

 


Anffa Sindical aponta que demanda crescente por produção brasileira reforça necessidade de recomposição da carreira

 

O Brasil fechou 2024 com recordes históricos em exportações, reafirmando a relevância do país como um dos principais fornecedores globais de alimentos. Produtos como açúcar, café, algodão, carnes, celulose e suco de laranja impulsionaram a balança comercial, enquanto itens como limões, chocolate e gengibre, ampliaram a diversificação da pauta exportadora. Apesar do otimismo para 2025, com a projeção de uma safra promissora e a abertura de novos mercados, um grave entrave ameaça o crescimento sustentável do setor: a falta de investimentos na carreira de auditores fiscais federais agropecuários.

 

De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o agronegócio correspondeu a 49% das exportações totais do país. Apenas com relação à carne bovina, que é inspecionada pelos auditores fiscais federais agropecuários durante toda a cadeia produtiva, antes mesmo do abate até os embarques nos navios, foram quase 2,8 milhões de toneladas enviadas para 157 países, incluindo os da União Europeia, China, Estados Unidos, México e Emirados Árabes.

 

Para 2025, o cenário é ainda mais promissor, já que estão previstas novas aberturas de mercados, além dos 300 abertos nos último dois anos. Japão, Vietnã, Coreia do Sul e Turquia estão na lista de tratativas para o recebimento do produto brasileiro. Assim, a demanda dos auditores fiscais federais agropecuários deve crescer ainda mais. Tudo isso em um cenário de déficit alarmante.

 

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), estima-se que 1.200 profissionais estejam prestes a se aposentar por idade ou tempo de serviço e podem deixar a função a qualquer momento. Entretanto, o concurso público realizado no ano passado deve repor apenas 200 vagas – um número insuficiente frente à crescente demanda por produtos brasileiros.

 

As ações de inspeção e fiscalização realizadas pela carreira são essenciais para garantir que os alimentos exportados atendam aos rigorosos padrões internacionais, viabilizando o desenvolvimento do setor e assegurando que pragas não coloquem em risco a produção nacional. Além disso, há todo um protocolo que garante a segurança dos alimentos consumidos no Brasil e em seus parceiros comerciais.

 

De acordo com o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, enquanto o Governo celebra os avanços nas exportações e na promoção comercial, a demanda dos auditores fiscais federais agropecuários se agrava. Além da carência de pessoal, há deficiências em sistemas, faltam recursos para infraestrutura, segurança e modernização das operações de fiscalização, comprometendo a competitividade e a credibilidade do Brasil no mercado internacional.

 

“O fortalecimento do agronegócio não pode prescindir de investimentos adequados em fiscalização e controle de qualidade. Sem isso, o Brasil corre o risco de comprometer seu papel estratégico no abastecimento global, justamente no momento em que desponta como líder no fornecimento de alimentos e insumos para o mundo. O Anffa Sindical reforça a necessidade urgente de políticas públicas que priorizem o fortalecimento da carreira dos auditores fiscais federais agropecuários e o aumento do efetivo, garantindo assim que os recordes conquistados pelo agronegócio sejam sustentáveis e duradouros”, destacou Macedo.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Agricultores: protagonistas da gestão hídrica frente às mudanças climáticas

 


Os agricultores se destacam como atores-chave, não apenas porque são responsáveis pela produção de alimentos, mas porque têm o potencial de liderar uma mudança significativa na gestão de um recurso cada vez mais escasso.


Segundo dados globais, 70% da água disponível é destinada à agricultura. No México, esse percentual ultrapassa 80% em algumas regiões do norte, onde a implementação limitada de tecnologias de irrigação eficiente contribui para um desperdício de até 40%.


O setor que mais consome água no Brasil é a agricultura. Segundo o Relatório da Conjuntura de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), 50,5% do volume total de água usado no país é destinado à agricultura, principalmente na irrigação com a principal finalidade de complementar o regime de chuvas na produção agrícola.


Em resposta a essa realidade, a Kilimo, uma climatech latino-americana, trabalha diretamente com agricultores, comunidades locais e empresas para transformar as práticas de gestão hídrica nos territórios, adaptando-se às particularidades de cada região e utilizando a tecnologia como aliada para enfrentar esses desafios.


O que significa trabalhar nos territórios?


"Para nós, a territorialidade não é apenas um conceito; é um compromisso ativo com cada bacia e comunidade agrícola. Significa entender as realidades dos agricultores, seus desafios e sua relação com a água para transformar paradigmas", explica Jairo Trad, CEO e cofundador da Kilimo.


Os agricultores são os primeiros a experimentar as consequências da crise hídrica. Sem um manejo adequado da água, suas culturas e comunidades enfrentam enormes riscos. Reconhecê-los como aliados fundamentais na busca por soluções é essencial para avançar rumo a uma segurança hídrica sustentável. Este enfoque também inclui a participação de empresas comprometidas, criando um modelo de colaboração que amplifica o impacto positivo nas bacias.


Inovação para a gestão eficiente da água


A estratégia nos territórios se baseia em três pilares principais que combinam conhecimento local e ferramentas tecnológicas. A conversão da irrigação impulsiona a adoção de sistemas mais eficientes, reduzindo significativamente o desperdício de água. Através de ferramentas baseadas em dados, o modelo de Gestão de Irrigação permite monitorar em tempo real as necessidades hídricas das culturas e oferece recomendações práticas e personalizadas. Por sua vez, a agricultura regenerativa promove práticas que restauram a saúde do solo, aumentam sua capacidade de retenção de água e fortalecem a resiliência climática.


Essas ações integram a tecnologia com um enfoque territorial para garantir que as soluções não apenas otimizem o uso da água, mas também se adaptem às particularidades de cada bacia. Isso assegura resultados mensuráveis que beneficiem tanto as comunidades agrícolas quanto o meio ambiente.


Agir nos territórios oferece oportunidades. Este enfoque permite entender em profundidade as particularidades de cada região e trabalhar diretamente com os agricultores para implementar tecnologias e soluções que realmente respondam às suas necessidades.

Além dos resultados técnicos, essas ações geram um impacto social significativo, fortalecendo o senso de pertencimento das comunidades e posicionando os agricultores como protagonistas na busca pela segurança hídrica.


Para alcançar a segurança hídrica, é preciso trabalhar em equipe. A segurança hídrica é um desafio que exige um enfoque colaborativo. Investir na agricultura local, território por território, não só é benéfico para o meio ambiente, mas também fortalece as comunidades e garante o acesso a recursos hídricos para as gerações futuras.

Foto: divulgação

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Embrapa Cocais agora é Embrapa Maranhão

 

Maquete da entrada principal da sede da Embrapa Maranhão

Uma das mais novas Unidades Descentralizadas, a Embrapa Cocais, obteve aprovação da Diretoria-Executiva para mudança de seu nome-síntese para Embrapa Maranhão, denominação validada após amplo processo de discussão com a participação do público interno e externo. A alteração não é apenas uma troca de nome. É o início de um novo ciclo, que inclui novas estratégias e áreas de atuação, além da construção de nova infraestrutura física e de pessoal.

Segundo o chefe-geral, Marco Bomfim, a mudança no nome vem sendo construída há um tempo, em função da percepção de que a nomenclatura anterior não mais representava a agenda de trabalho e a identidade geral da Unidade, tendo o novo nome-síntese mais aderência com a realidade de atuação no estado e em outras regiões. A Unidade sempre esteve presente em localidades diversas do Maranhão – não somente nas matas dos cocais - e até de outros estados, o que foi sendo fortalecido nos últimos anos. Para isso, tem se conectado com parceiros público-privados de diversas instâncias e lugares.

Congresso Brasileiro de Soja debaterá 100 anos de soja no Brasil vislumbrando o amanhã

  CBSoja debate 100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã A 10ª edição do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e do Mercosoja 2025 ...