quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Monitoramento de 30 anos aponta vantagens da Exploração de Impacto Reduzido (EIR) para conservação e produção de madeira

 

Uma pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) revela que o manejo florestal com técnicas de Exploração de Impacto Reduzido (EIR) promove maior recuperação de biomassa e resiliência em florestas tropicais da Amazônia quando comparado à exploração convencional (EC), considerada predatória.

O trabalho foi realizado pelo engenheiro florestal Rodrigo Costa Pinto, como tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Esalq, sob orientação do professor Edson Vidal, do Departamento de Ciências Florestais. A pesquisa teve colaboração da Embrapa Amazônia Oriental e da Wageningen University (Holanda), com apoio da Capes e da Fapesp.

O estudo avaliou 30 anos de monitoramento em áreas de floresta manejadas na Fazenda Agrosete, em Paragominas (PA), utilizando inventários florestais periódicos e tecnologia de sensoriamento remoto com LiDAR embarcado em drones. Os resultados apontam que áreas submetidas à EIR recuperaram 128% da biomassa original em 24 anos, enquanto áreas exploradas de forma convencional permaneceram abaixo do nível inicial, com cerca de 90% da biomassa recuperada.

Além da biomassa, a EIR apresentou melhor estrutura do dossel (maior altura e índice de área foliar, com menor abertura de clareiras) e maior resiliência frente a eventos climáticos extremos. O estudo também demonstrou que o uso integrado de inventários de campo e LiDAR é uma ferramenta eficiente para monitorar a recuperação florestal, subsidiando práticas de fiscalização e planejamento sustentável.

Segundo Rodrigo Costa Pinto, a pesquisa traz uma base científica sólida para fomentar a transição de práticas convencionais para o manejo de impacto reduzido, fortalecendo políticas públicas e mecanismos como REDD+ e Incentivos ao Manejo Florestal. “A EIR não apenas reduz os danos imediatos, mas também garante maior resiliência das florestas tropicais a longo prazo”, destaca o pesquisador.


vista aérea da fazenda Agrosete,em Paragominas (PA) - crédito: Rodrigo Costa Pinto

Estudo aponta oportunidades para produtores brasileiros no mercado internacional de tilápia

 

Principal peixe produzido e exportado pelo País, a tilápia é o carro-chefe da aquicultura nacional

Um estudo realizado pela Embrapa mapeou o mercado de tilápia na Europa e nos Estados Unidos, indicando oportunidades e desafios para os produtores brasileiros. Principal peixe produzido e exportado pelo País, a tilápia é o carro-chefe da aquicultura nacional, setor que tem crescido de forma consistente nos últimos anos. Apesar desse avanço, ainda há grande potencial a ser explorado, considerando características naturais do Brasil, como qualidade da água e disponibilidade de áreas que podem ser incorporadas à produção.

Os cenários são diferentes nas duas regiões. O consumo de tilápia por pessoa na Europa é muito baixo, ficando em média em 39 gramas por habitante por ano. Destaque para a Bélgica, que apresenta média de 147 gramas por habitante por ano. Porém, bem abaixo da média de consumo nos Estados Unidos, que é de 460 gramas por habitante por ano. Entre os europeus, o consumo é mais de nicho, focado em grupos étnicos de origem latino-americana, árabe, asiática e africana. Já nos Estados Unidos, desde a década de 1990 houve expansão no consumo, o que levou a tilápia a ser um dos peixes mais consumidos; entre os de carne branca, lidera.

Quem detalha esse quadro é Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO): “no caso dos Estados Unidos, chama a atenção a grande popularidade da tilápia junto aos consumidores em todo o país, o que tem proporcionado o crescimento do consumo de diversos produtos de tilápia, tanto frescos como congelados. A tilápia rompeu os nichos de mercados asiáticos e latinos e hoje é um produto consumido de maneira ampla. Por outro lado, no caso da Europa percebemos um consumo de tilápia bem mais limitado, sendo focado nos nichos de mercados étnicos e em produtos congelados com preços mais reduzidos”.

Naturalmente, o recente tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump afetou as exportações brasileiras para os Estados Unidos. Mas numa intensidade menor que a projetada. O resultado de agosto deste ano (primeiro mês com vigência do tarifaço) indicou queda, em toneladas, de 32% nas exportações comparando-se com agosto de 2024. “Especialistas do setor esperavam uma queda maior e esse resultado mostra que o setor continua presente no mercado norte-americano, mesmo no cenário atual”, afirma Pedroza.

Oportunidades e desafios

O pesquisador da Embrapa enxerga uma oportunidade de o Brasil crescer suas exportações de tilápia congelada para os Estados Unidos, ampliando a presença, que hoje é mais forte no mercado de filé fresco (foto à direita) naquele país. Segundo Pedroza, apesar de o mercado de congelados ser mais competitivo em termos de preço, possui uma demanda bem maior. “Algumas empresas brasileiras já vinham investindo na exportação de tilápia inteira e de filés congelados para os Estados Unidos, mas o tarifaço atrapalhou esse processo”, complementa.

Com relação ao mercado europeu, quando a etapa de reabertura for vencida, há uma boa oportunidade para o Brasil exportar produtos frescos de tilápia. Pedroza projeta que “os exportadores brasileiros podem se beneficiar da boa reputação do filé fresco de tilápia do Brasil e também aproveitar a grande oferta de voos para diversos países da Europa, tendo em vista que o transporte aéreo é essencial para os produtos frescos. No entanto, será necessário um trabalho robusto de divulgação dos produtos brasileiros e desenvolver a demanda por tilápia fresca, que atualmente é baixa na Europa”.

Como oportunidade para a tilápia brasileira na Europa, a pesquisa indica que os exportadores podem investir numa estratégia de diferenciação que destaque a qualidade do produto nacional. Além disso, há necessidade de se abrir mercados além dos tradicionais nichos étnicos e também de competir com outras espécies que têm filés brancos, como panga, polaca do Alasca e perca do Nilo. Um fato que pode aumentar a competitividade de vários produtos de tilápia exportados para a Europa, inclusive os brasileiros, diz respeito aos preços da tilápia chinesa, que estão subindo por conta de aumentos nos custos de ração e de transporte naquele país.

Já no mercado dos Estados Unidos, a pesquisa aponta como oportunidades: valorização da tilápia brasileira em nichos considerados premium por conta da qualidade do produto; crescente demanda por rastreabilidade; queda na oferta de tilápia da China e de alguns países da América Central; o segmento de tilápia congelada; e agregação de valor em produtos, a exemplo de novos cortes, empanados, tilápia vermelha e embalagens prontas para consumo.

Como desafios, a pesquisa lista, na Europa: tornar a tilápia mais conhecida por meio de ações de comunicação e de marketing junto a diferentes públicos, além da participação em eventos relevantes sobre pescado; estabelecer preços competitivos para que seja mais viável acessar o mercado daquele continente; e focar, de maneira estratégica, na qualidade como diferencial frente a outras espécies que também têm carne branca.

Já os desafios para os produtores brasileiros de tilápia no mercado dos Estados Unidos envolvem, de acordo com a pesquisa: o conhecido e recente aumento das tarifas de exportação, o chamado tarifaço; a necessidade de redução de preços para aumento da competitividade do produto naquele mercado; a logística para exportação de produtos frescos, que exige agilidade e um processo cada vez mais dinâmico; e a exigência de certificação internacional.

A pesquisa, que gerou a publicação de dois informativos especiais (links nos quadros abaixo), foi feita no âmbito do projeto “Fortalecimento das exportações brasileiras da aquicultura”, coordenado e executado pela Embrapa Pesca e Aquicultura. O financiamento foi por meio de emendas parlamentares de números 45000016 e 31760007. A pesquisa contou também com apoio da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Imagem: Freepik

 

Produção de tilápia no mundo

Entre 2013 e 2023, a produção mundial de tilápia cresceu 43%, passando de 4,75 milhões de toneladas para 6,78 milhões de toneladas. A China lidera o ranking, com 27% da produção (1,8 milhão de toneladas), em 2023. Na sequência, vêm Indonésia (com 1,4 milhão de toneladas, o equivalente a 21% da produção) e Egito (que produziu 960 mil toneladas, que representam 14% do total). Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O Brasil ocupa a quarta colocação, com produção de 440 mil toneladas, o equivalente a 7% da produção mundial em 2023. Foi um crescimento significativo com relação a 2013, quando o País produziu 170 mil toneladas. A variação positiva nesse período de dez anos chegou a 161%. A participação brasileira em termos percentuais também cresceu, passando de 4% em 2013 para os 7% em 2023. Outro avanço foi com relação ao ranking: o Brasil ocupava a oitava posição em 2013; dez anos depois, subiu para a quarta colocação.

Foto: Manoel Pedroza

 

Mercado na Europa

A tilápia ainda ocupa posição discreta no varejo europeu quando se analisam os peixes brancos. Em 2024, foi a sexta espécie mais importada, com 36,6 mil toneladas num universo total de quase 1,4 milhão de toneladas. Quando comparado com outras espécies que têm a mesma faixa de preço no varejo, o volume da tilápia equivale a 11% das importações de polaca do Alasca (que totalizaram 323,3 mil toneladas em 2024) e a 47% das importações de panga (que chegaram a quase 77 mil toneladas no mesmo ano).

De acordo com a publicação da Embrapa, “as importações europeias de tilápia têm apresentado estabilidade ao longo dos últimos dez anos, se mantendo em torno de 35 mil toneladas por ano. Entre 2014 e 2024, as importações dessa espécie na Europa cresceram 13,5% em valor e apenas 2,4% em volume”. Um fato que chama a atenção é que, entre os dez principais países que exportam tilápia para a Europa, seis são considerados reexportadores, ou seja, recebem e repassam o produto a outros países. Os outros quatro são asiáticos: China, Vietnã, Indonésia e Tailândia. Os dados são do European Market Observatory for Fisheries and Aquaculture Products (Eumofa).

 

Mercado nos Estados Unidos

Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos a tilápia foi a segunda espécie de peixe mais importada em 2024. As mais de 185,5 mil toneladas equivalem a 13% do total naquele ano. À frente da tilápia, esteve o salmão, com 468 mil toneladas e 34% do total importado pelo país em 2024. Em termos financeiros, a tilápia importada pelos Estados Unidos no ano passado movimentou mais de U$ 740 mil, respondendo por 6% do total. Nesse ranking, o atum esteve à frente, com mais de U$ 860 mil ou 7% do total financeiro. Na liderança, novamente o salmão, que movimentou mais de U$ 5,760 milhões, metade do total. Os dados são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Segundo a publicação da Embrapa, “entre 2014 e 2024, as importações de tilápia dos Estados Unidos passaram de 232.290 toneladas para 185.522 toneladas, ou seja, uma queda de 20%. Nos últimos anos, as importações norte-americanas de tilápia têm se estabilizado em torno de 180 mil toneladas”. Mesmo dominando essas importações, a China viu caírem os índices no período. De 69% do total em termos financeiros em 2014, foi para 52% em 2024; já em termos de peso, passou de 75% para 67%, respectivamente. O Brasil, que, no ano passado, foi o quarto maior exportador de tilápia para os Estados Unidos, não figurava entre os dez principais em 2014. Em termos percentuais, foram 7% do valor e 5% do peso importados pelos EUA em 2024.

 

Clenio Araujo (MTb 6279/MG)
Embrapa Pesca e Aquicultura

Oficina sobre Bancos Ativos de Germoplasma e melhoramento genético de frutíferas nativas do Cerrado é realizada na Embrapa Cerrados

 


Foto: Fábio Faleiro

Fábio Faleiro -

Como ação do projeto “Plantas para o Futuro”, apoiado pela Embrapa Cerrados, foi realizada no dia 1º de outubro uma oficina sobre Bancos Ativos de Germoplasma e melhoramento genético de frutíferas nativas do Cerrado, com a participação de 37 profissionais. O objetivo foi promover a valorização e o uso sustentável de espécies nativas do Cerrado com potencial econômico, estimulando o conhecimento prático e a troca de saberes.

A oficina envolve parcerias com várias instituições como Embrapa Hortaliças (DF), Jardim Botânico, Universidade de Brasília e Universidade do Distrito Federal, Emater-DF, Secretarias de Estado de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente do Distrito Federal, além do Instituto Desponta Brasil, organizador do evento.

O coordenador nacional do Plantas para o Futuro, Lídio Coradin, e a engenheira agrônoma Julcéia Camillo apresentaram a iniciativa, voltada à promoção do uso, valorização do conhecimento e conservação da flora nativa brasileira em prol da presente e das futuras gerações.

Os participantes da oficina visitaram os Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) e Melhoramento de Frutíferas do Cerrado, apresentados pelo chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Unidade, Fábio Faleiro; de Pequi, Baru e Mangaba, apresentados pelos pesquisadores Helenice Gonçalves e José Teodoro de Melo; de Baunilhas e Açaí, apresentados pelos pesquisadores Wanderlei de Lima e Fernando Rocha; e de Maracujás, Pitayas, Araçá e Macaúba, apresentados por Faleiro e pelo pesquisador Nilton Junqueira.

Na região Centro-Oeste, existem mais de 170 espécies de plantas nativas com potencial econômico atual ou futuro. Para conhecer mais sobre essas espécies, baixe gratuitamente o livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – região Centro-Oeste” clicando aqui

Na Embrapa Cerrados, diversas ações de pesquisa e desenvolvimento relacionadas à caracterização e uso de germoplasma e melhoramento genético são realizadas envolvendo frutíferas nativas – maracujás, pitayas, pequi, baru, mangaba, macaúba, araçá – e, mais recentemente, açaí e baunilhas. Para conhecer um pouco mais sobre esses trabalhos, baixe gratuitamente o livro “Pesquisa e Inovação em Germoplasma e Melhoramento Genético na Embrapa Cerrados” clicando aqui.

Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO
Embrapa Cerrados

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A Força do Limão Paulista: exportação da fruta cresce 21%

 


SP produziu mais de 1,1 milhão de toneladas da fruta e exportou cerca de 80 mil toneladas (US$72 milhões)

O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional de limão, com destaque no crescimento anual na exportação da fruta. Conforme os dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA - Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP (SAA), em 2024, foram cultivadas mais de 1,1 milhão de toneladas. Enquanto, no comércio exterior, no primeiro semestre de 2025, já foram enviadas mais de 81 mil toneladas (US$72 milhões), o que representa um aumento de 21% do produto exportado, em relação ao mesmo período do ano passado.

O mercado europeu é o principal destino das exportações, com destaque para os Países Baixos (62,2 mil t), que servem como porta de entrada através do Porto de Roterdã para distribuição aos demais países do bloco. O ranking de destinos inclui ainda o Reino Unido (11,6 mil t), a Rússia (1,3 mil t) e o Canadá (970 t).

“O comércio entre os Países Baixos e o Brasil é um exemplo dinâmico de mercados agrícolas complementares, com o Estado de São Paulo desempenhando um papel central como principal produtor e exportador, oferecendo oportunidades significativas para fortalecimento da cooperação bilateral em produção e logística sustentáveis. As empresas importadoras de limão dos Países Baixos estiveram em peso na segunda edição da Fruit Attraction, em São Paulo”, destacou o assessor agrícola do Consulado Geral dos Países Baixos, Alf de Wit.

Considerada a capital nacional do limão, o município de Itajobi, região de São José do Rio Preto, destaca-se na produção da variedade taiti. A empresa familiar Pimentel Itajobi, localizada na cidade, atua no ramo há 30 anos, atendendo, principalmente, o mercado internacional como Reino Unido e a União Europeia.

“Em 2024, exportamos mais de 4 mil toneladas de limão tahiti, e vimos um ano bastante próspero para o setor, mesmo enfrentando um período de seca bastante severo para a agricultura. Investimos em melhorias no packing house, aumentando nossa capacidade de produção, resultando em um volume exportado. Apesar dos desafios do setor e do mercado externo, nossa perspectiva para 2025 é de ainda mais crescimento, visando um 2026 ainda melhor”, ressaltou o analista de exportação da Pimentel, Alison Dejavite.

Com o objetivo de promover ainda mais o crescimento internacional da fruticultura paulista, a Secretaria de Agricultura de SP participou da abertura da Fruit Attraction SP 2025, a principal feira internacional de frutas e hortaliças da América Latina. “A fruticultura agrega valor, movimenta a economia, gera empregos e preserva o meio ambiente. São Paulo é o estado com a maior diversificação de culturas do Brasil, o que nos faz liderar a balança comercial brasileira mesmo em anos difíceis, com seca severa”, ressaltou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai.

A Defesa Agropecuária (CDA) apresentou, na edição deste ano, ações de certificação fitossanitária de origem que possibilitam a exportação dos produtos paulistas. O cadastro e supervisão de plantios de lima ácida tahiti, conhecido como limão tahiti, tornam São Paulo como o maior exportador do país, com mais de 70% de lima exportada.

“Investimos continuamente na certificação fitossanitária de origem, garantindo que os produtos paulistas cheguem ao mercado internacional com qualidade e segurança. O cadastro e a supervisão dos plantios de lima ácida Tahiti são resultado do trabalho integrado entre produtores, setor privado e serviço oficial, assegurando competitividade, abertura de novos mercados e geração de renda para pequenos, médios e grandes produtores,” ressaltou o chefe do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal (DDSIV), Alexandre Paloschi.

Investimento na produção

A SAA, através do Fundo de Expansão do Agronegócio (FEAP), disponibiliza uma linha que atende às necessidades do produtor para esta cultura. “Para o citricultor de limão, a linha de crédito Agricultura Sustentável Paulista financia a renovação e ampliação do pomar com mudas certificadas, irrigação eficiente e demais investimentos produtivos. Com juros reduzidos e prazos estendidos para a fruticultura, o crédito fornece uma folga de caixa para investir com segurança,” explicou o secretário executivo do FEAP, Felipe Alves.

O teto de financiamento da linha do FEAP é de até R$250 mil para pessoa física e até R$500 mil para pessoa jurídica. O prazo de pagamento é de até 84 meses, com carência de até 12 meses. “O produtor ainda pode contar com os técnicos da CATI e ITESP que elaboram e acompanham o projeto técnico, garantindo que o recurso seja aplicado da forma mais eficiente possível. É a sustentabilidade que vira produtividade e renda no limão paulista”, concluiu Felipe Alves.

Presidente Castello Branco será o primeiro município a adotar o sistema GeoFrota da Embrapa

 

A partir da esquerda: Supervisor do Núcleo de Tecnologia da Informação da Embrapa Suínos e Aves, Geordano Dalmedico, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Suínos e Aves, Franco Martins, secretário de Agricultura de Pres. Castello Branco, Carlos Eduardo Machado, coordenador de Agricultura de Pres. Castello Branco, Láercio da Silva, vice-prefeito de Pres. Castello Branco, Cleiton Frigo, representante da Ekodata, Marco Antônio Ramme, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Cláudio Miranda, analista da Embrapa Suínos e Aves Mateus Lorenzetti, e o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe


 

O município catarinense de Presidente Castello Branco vai ser o primeiro a utilizar o GeoFrota, sistema de informação desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves para gerenciar pedidos e registrar serviços agrícolas realizados por prefeituras, associações ou empresas terceirizadas.

 

Um acordo de cooperação técnica para fins de desenvolvimento, validação técnica e mercadológica do GeoFrota foi assinado ontem à tarde na Embrapa em Concórdia, com a presença do chefe-geral do centro de pesquisa, Everton Krabbe, o chefe-adjunto de transferência de tecnologia, Franco Martins, o pesquisador Cláudio Miranda, o vice-prefeito de Castello Branco, Cleiton Frigo, o secretário de Agricultura do município, Carlos Eduardo Machado, do coordenador de Agricultura, Laércio da Silva, e o representante da empresa Ekodata Tecnologia e Saneamento Ambiental, Marco Antônio Ramme.

 

Criado em 2021, durante o projeto Smart (Desenvolvimento de um modelo de gestão ambiental para bacias hidrográficas com produção intensiva de animais na região Sul do Brasil – 2019-2022), o protótipo do GeoFrota tinha como objetivo inicial acompanhar a aplicação de biofertilizantes suínos nas lavouras. Desde então, o sistema foi ampliado e adaptado, ganhando funcionalidades que o tornam mais atrativo para uso pelos municípios.

 

A ferramenta permite comprovar a aplicação de recursos públicos em serviços prestados a produtores rurais e evidenciar a correta destinação dos biofertilizantes gerados pela suinocultura. Os dados também poderão apoiar estudos sobre sustentabilidade, biosseguridade e outras áreas de pesquisa.

 

Para o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, a iniciativa reforça o papel estratégico da rastreabilidade nas cadeias produtivas. “Esse investimento em sistemas como o GeoFrota mostra a preocupação constante com a biosseguridade, fundamental para Santa Catarina, responsável por 55% das exportações brasileiras de carne suína no primeiro bimestre de 2025”, destacou.

 

Segundo o pesquisador Cláudio Miranda, responsável pelo desenvolvimento, o software tem caráter social por dispensar equipamentos específicos, já que pode ser acessado pelo celular. Ele ressaltou ainda que os dados coletados poderão ser integrados ao SGAS, o Sistema de Gestão Ambiental da Suinocultura, também criado pela Embrapa.

 

O vice-prefeito Cleiton Frigo avaliou que a implantação do GeoFrota trará ganhos imediatos à administração municipal. “A ferramenta não só vai automatizar as solicitações de serviço, hoje feitas manualmente em blocos de papel, como também vai melhorar a gestão das informações”, afirmou.

 

Caberá à empresa EkoData a implantação do sistema, o treinamento dos usuários e o acompanhamento dos testes, com possibilidade de sugerir customizações e melhorias.

 

Localizado no Alto Uruguai Catarinense, Presidente Castello Branco tem 65 km² de área e população estimada em 1.711 habitantes, segundo o IBGE. A principal atividade econômica do município é a agricultura.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

I Encontro de Bananicultores de Itaporanga recebe produtores com palestras e prática sobre cultivo e manejos

 

 

Itaporanga receberá, nos dias 12 e 13 de agosto, seu I Encontro de Bananicultores, realizado pela CATI Regional Avaré, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com apoio da Defesa Agropecuária, Sicredi e Prefeitura Municipal de Itaporanga.

No dia 12, no Salão de Festas do Bairro São Sebastião, a programação de palestras abordará Sistemas de plantio e tratos da cultura da banana; pragas e doenças; mudas e propagação; Gedave e cadastro de produtor de banana, e Crédito Rural, Feap e Pronaf.

As inscrições podem ser feitas às 8h, pouco antes da abertura do evento, que será às 9h, no próprio local. A participação é gratuita. Mais informações pelo telefone (14) 3733-1977.

O dia 13 será reservado à prática sobre cultivo de bananas e manejos, com início às 9h, na Chácara Neves.


Formigas defendem plantas de herbívoros, mas podem atrapalhar polinização

 

Conclusões da pesquisa são resultado da análise de dados publicados em 27 estudos empíricos sobre as relações entre formigas, polinizadores e plantas com nectários extraflorais (foto: Amanda Vieira da Silva/UFABC)

Formigas defendem plantas de herbívoros, mas podem atrapalhar polinização
06 de agosto de 2025

Análise da interação entre formigas, plantas que secretam substância adocicada para atraí-las, “interessadas” em se defender de animais que se alimentam de folhas, e abelhas indica que as protetoras convocadas podem afugentar as polinizadoras. Já as borboletas não se incomodam

André Julião | Agência FAPESP – Cerca de 4 mil espécies de plantas, de diferentes partes do mundo, secretam néctar fora das flores, como no caule ou nas folhas, por meio de glândulas secretoras conhecidas como nectários extraflorais. Diferentemente do néctar floral, o extrafloral não está envolvido na atração de polinizadores, mas de insetos defensores das plantas, como as formigas. Elas se alimentam desse líquido adocicado e, em troca, protegem a planta contra herbívoros. A proteção, porém, tem seu custo.

Um estudo publicado no Journal of Ecology por pesquisadores apoiados pela FAPESP aponta que a presença das formigas pode reduzir a frequência e o tempo de permanência das abelhas em flores de plantas com nectários extraflorais.

A polinização só é prejudicada quando os nectários extraflorais estão próximos das flores. Plantas que possuem essas glândulas em outras partes, como folhas e ramos, tiveram sucesso reprodutivo aumentado, provavelmente por causa da proteção contra herbívoros ofertada pelas formigas.

Por sua vez, as borboletas, outro grupo de polinizadores, não são prejudicadas pelas formigas. A explicação pode ser a forma como esses dois grupos se alimentam. As borboletas utilizam um órgão comprido em forma de canudo, conhecido como espirotromba, para sugar o néctar a uma distância segura das formigas.

“As abelhas, por sua vez, precisam se aproximar bastante da flor para coletar o pólen e o néctar floral, mas as formigas não as deixam permanecer por muito tempo. Não por acaso, nossa análise apontou que a presença das formigas é prejudicial à polinização quando os nectários extraflorais estão perto das flores, mas com efeito positivo para a reprodução das plantas quando ficam em outras partes mais distantes”, explica Amanda Vieira da Silva, que realizou o trabalho como parte de seu doutorado com bolsa da FAPESP no Programa de Pós-Graduação em Evolução e Diversidade da Universidade Federal do ABC (PPG-EvoDiv-UFABC), em São Bernardo do Campo.

As conclusões são resultado da análise de dados publicados em 27 estudos empíricos sobre as relações entre formigas, polinizadores e plantas com nectários extraflorais. Os artigos foram selecionados a partir de uma triagem inicial de 567 estudos, depois de aplicada uma série de critérios de inclusão e exclusão. Os dados foram compilados e analisados com o auxílio de ferramentas computacionais.

Múltiplos mutualismos

“Normalmente, os estudos têm focado no efeito de apenas uma interação isolada sobre as plantas. Quantifica-se quanto a formiga favorece a defesa das plantas perante herbívoros ou quanto o polinizador favorece a reprodução da planta, por exemplo. Mas essas interações podem ocorrer ao mesmo tempo. Então, para entender como essas interações influenciam o crescimento e a reprodução das plantas, precisamos olhá-las de maneira integrada”, detalha Laura Carolina Leal, professora do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo (ICAQF-Unifesp), em Diadema, que orientou o doutorado de Silva e também assina o trabalho.

Análises evolutivas dos gêneros de plantas que possuem nectários extraflorais apontam ainda que essa característica é facilmente adquirida e perdida ao longo do tempo. A interferência das formigas na visitação das flores por abelhas pode, portanto, ter atuado como uma pressão seletiva determinante na trajetória evolutiva dos nectários extraflorais em plantas.

“Se as formigas que visitam os nectários extraflorais prejudicam a reprodução das plantas ao espantar as abelhas, a manutenção desses nectários pode se tornar desvantajosa para as plantas e as glândulas serem perdidas ao longo do tempo evolutivo”, esclarece Leal.

Não por acaso, dos quase mil gêneros que possuem nectários extraflorais, apenas 46 dependem exclusivamente de abelhas para polinização. Pelo menos para alguns casos, os autores têm uma hipótese para a ocorrência simultânea da interação das plantas com formigas defensoras e abelhas polinizadoras.

“Sabemos que, em alguns grupos de plantas com nectários extraflorais e flores polinizadas pela vibração das abelhas, as folhas novas com nectários extraflorais ativos e as flores são produzidas em estações diferentes ao longo do ano, o que evitaria o conflito entre ambas”, diz Anselmo Nogueira, professor do Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH-UFABC), coorientador de Silva e coautor do estudo.


Cada uma no seu pedaço: abelha se alimenta na flor, enquanto formiga se aproveita de nectário extrafloral (foto: Amanda Vieira da Silva/UFABC)

Novos estudos em desenvolvimento pelo grupo de pesquisadores buscam entender se uma terceira interação pode atuar como força estabilizadora da interferência das formigas na polinização de plantas com nectários extraflorais.

“Se o recurso for muito bom para a abelha na flor e para a formiga na folha, talvez elas nunca se encontrem. Além disso, parte das plantas com nectários extraflorais, como algumas leguminosas, abriga em suas raízes bactérias fixadoras de nitrogênio, que favorecem a produtividade da planta e podem viabilizar o investimento da planta em recursos de alta qualidade para ambos parceiros animais”, comenta Nogueira.

O pesquisador coordena projeto conduzido no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP que investiga a evolução de múltiplos mutualismos em uma mesma linhagem de plantas. Em um trabalho anterior, seu grupo mostrou justamente que a interação entre uma espécie de leguminosa e bactérias fixadoras de nitrogênio aumenta a atratividade dessas plantas para as abelhas polinizadoras (leia mais em: agencia.fapesp.br/52137).

O artigo Ants on flowers: protective ants impose a low but variable cost to pollination, moderated by location of extrafloral nectaries and type of flower visitor pode ser lido em: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/1365-2745.70087.

Dia da agricultura: como a pesquisa científica transformou o Cerrado em referência mundial de produtividade e sustentabilidade

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