segunda-feira, 3 de março de 2025

Embrapa Cerrados articula atuação na aquicultura no Brasil Central

 Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Luiz Eduardo Lima apresentou possibilidades para a pesquisa aquícola no Bioma Cerrado

Luiz Eduardo Lima apresentou possibilidades para a pesquisa aquícola no Bioma Cerrado

Segmento em franca expansão em todo o mundo, a aquicultura passa a ser uma das linhas de atuação da Embrapa Cerrados. Desde o início deste ano, a Unidade tem interagido com potenciais parceiros para discutir possíveis ações de pesquisa e desenvolvimento e de transferência de tecnologia sobre o tema na região do Bioma Cerrado. É o que mostrou o pesquisador Luiz Eduardo Lima, recém-transferido para o centro de pesquisa após 10 anos de atuação na Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), em palestra apresentada no dia 24 de fevereiro.

Além de pesquisadores e analistas do centro, estiveram presentes representantes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal (Seagri-DF), da Emater-DF, do Senar-DF, da Federação da Agricultura e Pecuária do DF (FAPE-DF), da Emater Goiás, da Universidade de Brasília (UnB) e da Secretaria Municipal de Agricultura de Formosa (GO).

A aquicultura é a ciência que estuda a produção racional de organismos aquáticos como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis, algas e plantas aquáticas para consumo humano. “Há uma grande demanda da sociedade e do setor produtivo aqui no DF para que a Embrapa Cerrados também trabalhe na aquicultura, somando-se às instituições que estão aqui e sendo mais um player nessa área, que tem uma geração de renda muito alta e uma capacidade ímpar de integrar diversos sistemas de produção”, disse o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Eduardo Alano.

 

Panorama mundial

De acordo com a última estatística da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção mundial de pescados, que engloba a aquicultura e a pesca, foi de 185 milhões de toneladas em 2022, com valor agregado de US$ 452 bilhões. “A cadeia de pescados é a que tem o maior volume entre as cadeias de produção de proteína animal, e é a mais consumida no mundo”, comentou Luiz Eduardo Lima, acrescentando que a evolução da cadeia está relacionada à demanda crescente por pescados. Entre 1961 e 2022, o consumo de pescados tem crescido em média 3% ao ano. “Isso é superior ao crescimento médio de todas as proteínas terrestres combinadas (2,7% ao ano) no mesmo período”, apontou.

O ano de 2002 também marca a primeira vez em que a produção da aquicultura superou a da pesca, estagnada por problemas na exploração dos recursos pesqueiros. O consumo mundial de pescados é de cerca de 20,6 kg/habitante/ano, e tem sido observada a substituição de produtos da pesca por produtos da aquicultura. “É uma oportunidade interessante, pois são produtos que têm rastreabilidade e índices ambientais muito positivos em comparação à pesca”, comentou Lima.

A produção mundial da aquicultura em 2022, ainda de acordo com a FAO, foi de cerca de 130 milhões de toneladas, o correspondente a US$ 312,8 bilhões. Entre 2000 e 2022, a produção aumentou 204,3%, média de 5,2% ao ano. A China é o maior produtor aquícola, com 53 milhões de toneladas, enquanto o Brasil ocupa a 13ª colocação, com 738 mil toneladas produzidas em 2022.

Segundo Lima, as principais razões para o crescimento da atividade aquícola estão relacionadas aos benefícios do consumo de pescados, que contêm proteína de alta digestibilidade e são ricos em minerais, vitaminas e gorduras poli-insaturadas como ômega-3, além de baixos níveis de colesterol e gorduras saturadas. 

Ele explicou que o fato de os organismos aquáticos viverem na água permite menor gasto energético com flutuação e locomoção, e que além de não regularem a temperatura corporal, excretam nitrogênio de forma mais simples que os organismos terrestres. Esses fatores garantem conversões alimentares mais eficientes – enquanto alguns peixes e camarões necessitam consumir menos de 2 kg de alimento para produzirem 1 kg de carne, bovinos necessitam de 3,5 a 9 kg, por exemplo.

O sistema de produção aquícola também tem números atrativos, como a baixa pegada de carbono, o menor uso da terra e os elevados rendimento de carcaça e taxa de retenção proteica.

 

Aquicultura nacional e regional

Ainda pouco relevante no cenário mundial, a aquicultura brasileira tem grande potencial de expansão, segundo o pesquisador. A atividade tem crescido significativamente nos últimos anos. Entre 2000 e 2022, a produção passou de 172 mil toneladas para 738 mil toneladas. O IBGE estimou em R$ 10,2 bilhões o valor da produção nacional para 2023, cifra 16,6% superior à do ano anterior. 

O carro-chefe da aquicultura nacional é a piscicultura de água doce, com produção de 655 mil toneladas (R$ 6,7 bilhões) em 2023, 5,8% superior à do ano anterior. A tilápia é o peixe mais criado no País (67,5% do total), e a produção cresceu 7,6% em relação a 2022. O Brasil já é o quarto maior produtor mundial da espécie. Na produção de animais marinhos, o destaque é a criação de camarões em viveiros (carcinicultura), com produção de 127,5 mil toneladas (R$ 2,6 bilhões) e crescimento de 13% em relação a 2022. 

Os principais estados produtores são Paraná, São Paulo e Rondônia. Entre os estados onde a Embrapa Cerrados atua, Minas Gerais, quarto maior produtor nacional (61,6 mil toneladas em 2023), se destaca na produção de tilápias (58,2 mil toneladas). O município de Morada Nova de Minas, situado às margens da Represa de Três Marias, é o maior produtor de pescados do Brasil, responsável por 3,1% da produção nacional. O estado de Goiás é o 11º produtor nacional (29,8 mil toneladas em 2023), sendo Niquelândia o principal município produtor. 

Já o DF é apenas o 24º maior produtor (2 mil toneladas em 2023). De acordo com levantamento da Emater-DF, o perfil dos piscicultores locais (cerca de 800) é de pequenos produtores em sua maioria, além de haver alguns estabelecimentos de pesque-pague e empresas de médio e grande porte, ocupando uma área de cerca de 80 ha. 

“Mas quando se fala em potencial, o DF tem uma característica muito interessante: ele é o terceiro maior consumidor de pescados (cerca de 14 kg/hab/ano) do Brasil, um pouco atrás do Amazonas e do Pará. É um consumo superior à média de 9 kg/hab/ano do País e acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde, de 12 kg/hab/ano. Porém, ainda está abaixo da média mundial, 20,5 kg/hab/ano”, comentou o pesquisador. 

Apenas 14% das 50 mil toneladas de pescados consumidas no DF em 2023 foram produzidos internamente, enquanto a maior parte (86%) veio de estados como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná.

 

Possibilidades de atuação no DF

Para desenvolver o potencial de crescimento da aquicultura no Distrito Federal, Lima elencou possíveis estratégias de atuação da Embrapa Cerrados para discussão com as demais entidades. “Apesar dos problemas de licenciamento, tarifários e de crédito que o setor produtivo enfrenta, podemos fazer alguns inputs de inovação tecnológica que possibilitem a adoção de tecnologias pelos produtores para aumentar a produção não só no DF, mas também em Goiás e outros estados”, afirmou.

Ele apontou a aproximação de instituições que já atuam com a aquicultura na região, como a Emater-DF, a Seagri-DF, a UnB, o Senar e o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), para o desenvolvimento de ações em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em parceria. 

Segundo o pesquisador, essas ações podem ser operacionalizadas com a participação da Unidade em programas e outras iniciativas em andamento, como o Alevinar & ProAqua+, da Seagri-DF; a participação em câmaras (como a Câmara Setorial das Cadeias Produtivas da Aquicultura da Seagri-DF) e outros fóruns técnicos para captação das demandas de PD&I do setor produtivo e das instituições; o envolvimento em ações de transferência de tecnologia, como dias de campo e eventos; e o desenvolvimento de projetos de PD&I em conjunto para atendimento a demandas das instituições, como a criação de peixes em barragens para irrigação (Emater-DF) e o levantamento de indicadores econômicos da tilápia no DF (UnB).

Apesar de a Embrapa Cerrados não contar com instalações para pesquisas em aquicultura, Lima lembrou que infraestruturas existentes podem ser usadas e otimizadas, como as da Emater-DF (Unidade Didática e as Unidades de Referência Tecnológica em Tanques de Ferrocimento, Produção Intensiva, Criação Bifásica de Tilápias e Boas Práticas na Piscicultura), da Seagri-DF (Granja Modelo Ipê), além da possibilidade de realização de pesquisas nas próprias áreas de produtores rurais.

 

Outras possibilidades de atuação

A atuação no estado de Goiás, em parceria com o Instituto Federal Goiano, a Universidade Federal de Goiás, a Universidade Federal de Jataí e a Emater Goiás, entre outras instituições, é também uma das possibilidades de atuação. O pesquisador vislumbrou como oportunidade a Usina Hidrelétrica (UHE) Serra da Mesa, em Niquelândia, o maior reservatório de água do Brasil (54,4 bilhões m3). De acordo com o MPA, a UHE tem 227 cessões de uso e capacidade de produção de 21 mil toneladas de pescado – atualmente, são produzidas pouco mais de 4,2 mil toneladas.

Atuar em Minas Gerais é outra possibilidade, e a Universidade Federal de Minas Gerais, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Codevasf são apontadas como potenciais parceiros. Embora haja tantas possibilidades, Lima pretende dar foco e iniciar com poucos projetos, focando em áreas prioritárias do setor e atuando sempre em parceria com as instituições e os produtores de cada localidade.

 

Avaliação de coprodutos e aproveitamento de efluentes na fertirrigação

Lima trouxe exemplos de trabalhos realizados durante a passagem pela Embrapa Pesca e Aquicultura. Entre eles, avaliação de coprodutos da agricultura e da pecuária como potenciais matérias-primas e aditivos para a alimentação de organismos aquáticos, como o uso de folhas e os pecíolos de mandioca na ração para tambaqui na piscicultura amazônica. O pesquisador estudou, em parceria com a Embrapa Acre (AC), a Embrapa Cerrados e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a digestibilidade e a determinação dos níveis de inclusão que não prejudiquem o desempenho zootécnico do tambaqui.

Outro exemplo apresentado é o da avaliação de coprodutos da aquicultura que podem ser fornecidos à agricultura, como o uso de subprodutos da indústria de macroalgas como bioestimulantes e biofertilizantes para algumas culturas agrícolas.

Lima mostrou que os efluentes da piscicultura, ricos em nitrogênio e fósforo, podem ser usados na fertirrigação. “O peixe só consegue aproveitar em torno de 30% do nitrogênio e do fósforo incluídos na ração. Os outros 70% são despejados no corpo hídrico, sendo que a maior parcela está na parte solúvel. Então, é possível fazer uma integração com as culturas agrícolas, tanto na escala de pequeno produtor, utilizando tecnologias como o Sisteminha, assim como outras adequadas para escalas maiores”, explicou, acrescentando a possibilidade de uso dos efluentes em sistemas de aquaponia na agricultura familiar e periurbana.

Ele também citou a criação de peixes em barragens e canais de irrigação e o uso dos efluentes na fertirrigação, o que pode reduzir a demanda por fertilizantes nas culturas agrícolas. Em parceria com a Codevasf, a Embrapa construiu, em Palmas, um sistema de tanques suspensos de geomembrana capazes de destinar efluentes para a fertirrigação de dois hectares. Também estão sendo testados sistemas de irrigação por aspersão convencional e por gotejamento, além de diferentes rotações de culturas agrícolas e pastagens. A ideia é gerar indicadores para determinar a quantidade de nutrientes como o nitrogênio e fósforo produzidos por um sistema de criação de peixes, além de analisar quanto é absorvido pelas plantas e dimensionar quanto de fertilizantes pode ser economizado nas diferentes culturas.

 

Instituições mostram otimismo e apontam demandas

Os representantes das instituições que participaram do debate após a apresentação manifestaram disposição para colaborar em iniciativas conjuntas. Coordenador do Programa de Aquicultura da Emater-DF, Adalmyr Borges disse que a expectativa do órgão com a chegada do pesquisador à Embrapa Cerrados é positiva. “A Emater-DF e a Embrapa têm uma ligação muito forte aqui em Brasília. Faltava ampliar essa relação para a área de aquicultura. Estamos muito satisfeitos com a vinda do Luiz”, afirmou. 

Ele destacou duas demandas observadas pelo órgão de extensão rural do Distrito Federal. A primeira é o aproveitamento, mediante adequação da outorga, dos reservatórios de geomembrana utilizados para irrigação. “Apenas com os 247 pequenos reservatórios implantados na região da bacia do Rio Preto, podemos dobrar a produção de pescado aqui. São pequenas ações que podem ter um grande impacto”, disse, acrescentando a necessidade de definição de um modelo de viabilidade econômica e ambiental para a atividade.

A outra demanda se refere à adequação dos custos de produção, uma vez que, segundo o extensionista, as margens de lucro da aquicultura vêm diminuindo nos últimos anos. “Sabemos que o principal custo na produção de peixes é a alimentação, que é a especialidade do pesquisador”, apontou.

“Precisávamos de alguém para ‘chacoalhar’ o setor. Sabemos da demanda no DF e a potencialidade. Temos que trabalhar juntos e voltar a pensar em infraestruturas difusoras de tecnologias como a Granja do Ipê (da Seagri-DF) e ter um projeto estruturado”, declarou Hermano dos Santos, chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, acrescentando que o órgão tem recebido muitas demandas de alevinos, inclusive de associações do DF.

Adson Rodrigues, coordenador da Regional Planalto da Emater Goiás, que abrange 19 municípios do Entorno do DF, afirmou que o órgão vê uma grande oportunidade para a pesquisa. “Nos 19 municípios, há piscicultura e demanda por resultados oficiais de pesquisa. Nós extensionistas dependemos desses resultados para nos estruturarmos e fazermos que os produtores tenham confiança em aplicar os seus recursos”, afirmou, acrescentando que a região conta com produtores de alevinos e grandes piscicultores. 

O extensionista citou o Projeto Fruticultura Irrigada no Vão do Paranã, liderado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás e que tem a participação da Embrapa Cerrados. Ele explicou que 150 famílias de assentados de reforma agrária de Flores de Goiás, Formosa e São João d’Aliança estão financiando e recebendo da Codevasf equipamentos para a irrigação de 2 ha de manga e maracujá. Também está sendo financiado um tanque de geomembrana de 400 m3

“O pequeno agricultor tem que aproveitar essa estrutura com água e diversificar (a produção). Estamos no berço das águas (do Brasil) e existe o potencial. Mesmo não havendo uma pesquisa oficial, os produtores estão conseguindo produzir. Podemos fazer o elo com esses produtores e desenvolver o trabalho”, afirmou, ressaltando que a integração da aquicultura às demais atividades agropecuárias realizadas no Entorno do DF será oportuna para os produtores.

Também presente à palestra, Carlos Magno da Rocha, ex-presidente da Embrapa e ex-chefe-geral da Embrapa Cerrados e da Embrapa Pesca e Aquicultura, relembrou o início das pesquisas da Empresa com aquicultura e destacou a importância do segmento no mundo. Para ele, iniciar trabalhos com aquicultura na Embrapa Cerrados é um marco, e a atividade deve ser vista como estratégica para o Brasil. 

“Não tenho dúvida de que esse setor da economia vai crescer, e muito, principalmente no país que é líder na produção de grãos. Não temos problema para produzir ração. Na região geoeconômica de Brasília, muita gente já está trabalhando com isso, mas com muita dificuldade, porque o conhecimento ainda não está chegando. Vejo como uma oportunidade ímpar de (a Unidade) se agregar. A vinda do Luiz é um passo, uma semente que vai germinar”, comentou Rocha.

Após o debate, a chefia da Embrapa Cerrados realizou uma reunião com Lima e os representantes das demais instituições para discutir possibilidades de parcerias para atuação, definir as prioridades de curto, médio e longo prazo, além de estabelecer a estratégia de ação.

Breno Lobato (MTb 9417/MG)
Embrapa Cerrados

domingo, 2 de março de 2025

Conheça os 12 cursos on-line gratuitos ofertados pela Embrapa Cerrados no e-Campo

 

Foto: ReproduçãoReprodução -

Os interessados em temas da fruticultura tropical, na produção integrada e boas práticas agrícolas, na recuperação e renovação de pastagens degradadas e na produção integrada de borracha natural têm à disposição 12 cursos on-line totalmente gratuitos e disponíveis no e-Campo, a plataforma de capacitações on-line da Embrapa. 

Os cursos são autoinstrucionais (permitem o aprendizado autônomo) e assíncronos, ou seja, o participante pode acessar os conteúdos a qualquer momento. 

Saiba quais são os cursos desenvolvidos pela Unidade atualmente disponíveis e com inscrições abertas:

 

Recuperação e Renovação de Pastagens Degradadas no Cerrado

Lançamento: 2024

Destinado a produtores rurais, técnicos extensionistas, consultores, professores, gestores públicos, estudantes e pessoas interessadas no tema, o curso tem carga horária de 50 horas. O objetivo é promover um espaço de aprendizagem sobre a identificação e estratégias, visando auxiliar técnicos e produtores rurais na escolha de soluções sustentáveis e adequadas para diferentes níveis de degradação do solo. 

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=513


Produção Integrada: Introdução à Produção Integrada (Módulo I)

Lançamento: 2024

Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Viçosa e destinado a produtores rurais, técnicos agrícolas e demais interessados com formação profissional de nível superior, o curso possui carga horária de 20 horas e traz informações gerais sobre a filosofia e procedimentos para a adoção da Produção Integrada (P.I.) como alternativa economicamente rentável e ambientalmente equilibrada, que permite ofertar ao consumidor um produto diferenciado, seguro para o consumo, com origem conhecida e produzido em conformidade com as Boas Práticas Agrícolas. Além da disponibilidade de alimentos mais saudáveis, a adoção desse sistema contribui para o desenvolvimento sustentável na produção de alimentos, com redução dos custos de produção e, consequentemente, maior rentabilidade para os produtores rurais.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/course/view.php?id=524


Produção Integrada: Gestão e Planejamento da Empresa Rural (Módulo II)

Lançamento: 2024

Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Viçosa e destinado a produtores rurais, técnicos agrícolas e demais interessados com formação profissional de nível superior, o curso possui carga horária de 60 horas e traz informações gerais sobre aspectos específicos da Produção Integrada, como segurança do alimento, rastreabilidade do processo produtivo, assistência técnica e organização de produtores, segurança, saúde e bem-estar do trabalhador rural.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/course/view.php?id=525


Produção Integrada: Práticas Culturais do Maracujá (Módulo III)

Lançamento: 2024

Este curso também foi desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Viçosa na temática da Produção Integrada. Para realizá-lo, o participante precisa ter concluído os cursos “Produção Integrada: Introdução à Produção Integrada” (Módulo I) e “Produção Integrada: Gestão e Planejamento da Empresa Rural” (Módulo II). Com carga horária de 40 horas, o Módulo III aprofunda os conhecimentos nas Práticas Culturais da Produção Integrada do Maracujá com base nas Boas Práticas Agrícolas e nas Normas Específicas para a obtenção da Certificação da Produção Integrada de Maracujá.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/course/view.php?id=526


Minicurso Fruticultura Tropical: Avanços na propagação dos maracujás

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Lançamento: 2024

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 7 horas. O objetivo é oferecer informações básicas e os avanços das pesquisas sobre os tipos de propagação e sua importância para o uso diversificado dos maracujás azedos, doces, silvestres e ornamentais.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=519


Minicurso Fruticultura Tropical – Abacate: Instruções técnicas para cultivo comercial

Lançamento: 2023

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 8 horas. O objetivo é fornecer informações gerais sobre o cultivo comercial de abacate, desde a implantação do pomar até a comercialização do fruto.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=434

 

Minicurso Fruticultura Tropical – Goiaba: Instruções técnicas para cultivo comercial

Lançamento: 2023

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 8 horas. O objetivo é oferecer informações gerais sobre o cultivo comercial de goiaba, desde a implantação do pomar até a comercialização do fruto.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=435


Minicurso Fruticultura Tropical – Manga: instruções técnicas para cultivo comercial

Lançamento: 2023

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 8 horas. O objetivo é oferecer informações gerais sobre o cultivo de manga, desde a implantação do pomar até a comercialização do fruto.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=395


Minicurso Fruticultura Tropical – Mercado e comercialização de frutas frescas e processadas

Lançamento: 2023

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 6 horas. O objetivo é oferecer informações gerais para elaboração de um plano de negócios para acesso aos mercados de frutas frescas e processadas.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=433


Minicurso Fruticultura Tropical – Maracujás: cultivares, sistemas de produção e mercado

Lançamento: 2022

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 4 horas. O objetivo é oferecer informações técnicas básicas e sistematizadas sobre o cultivo de maracujás.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/course/view.php?id=322

 

Minicurso Fruticultura Tropical – Pitayas: melhoramento genético e sistemas de produção

Lançamento: 2022

Destinado a produtores rurais, extensionistas, professores, gestores públicos e estudantes, o curso tem carga horária de 8 horas. O objetivo é oferecer informações gerais sobre o cultivo comercial de pitaya, desde a implantação do pomar até a comercialização do fruto.

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=325


Produção Integrada de Borracha Natural (Seringueira – Fase Fazenda)

Lançamento: 2022

Destinado a profissionais de nível superior da área agropecuária, devidamente registrados em seus conselhos de classe profissional, o curso tem carga horária de 60 horas. O objetivo é que o participante entenda o contexto do programa de certificação da produção integrada de borracha natural (Seringueira - Fase Fazenda), instituído pela instrução normativa número 6 de 26/04/2021 (MAPA, 2021).

Mais detalhes aqui.

Faça o curso acessando https://ava.sede.embrapa.br/enrol/index.php?id=290

 

Estatísticas

A Embrapa Cerrados começou a desenvolver e ofertar cursos na plataforma em 2021. Desde então, foram recebidas 17.458 inscrições de todos os estados do Brasil e de outros 20 países, com 5.635 conclusões (32,3%), de acordo com as estatísticas do e-Campo até janeiro deste ano.


Número de inscritos por curso até 2024. Os cursos “Excelência e qualidade em bioanálise do solo” e “Diagnóstico comportamental da atividade produtiva” são oferecidos a públicos específicos.

 

Distribuição geográfica dos participantes dos cursos oferecidos pela Embrapa Cerrados no Brasil e no mundo até 2024.

O público participante dos cursos da Embrapa Cerrados é predominantemente de estudantes (63,42%), mas também há produtores (11,23%), técnicos de assistência técnica e extensão rural (7,04%), professores (3,54%), entre outros. O nível de escolaridade vai do ensino fundamental (1,62%) até o pós-doutorado (0,99%), sendo o maior contingente de alunos com curso superior incompleto (30,63%). 

A principal área de formação é a Agronomia (38,21%), mas há alunos com outras formações distintas: Ciências Agrárias (5,14%), Administração (4,01%), Biológicas (3,19%), Direito (2,02%) e Engenharias (1,56%). Os homens (60,57%) são maioria. Apenas 30,56% dos participantes têm vínculo empregatício e 24,51% se declaram agentes multiplicadores.

Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, aponta que os cursos oferecidos pela Unidade na plataforma e-Campo apresentam dezenas de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros e são importantes ferramentas de capacitação e de transferência de tecnologia. 

“Por meio dessa importante plataforma digital de capacitação, as informações são difundidas para todas as unidades federativas do Brasil, o que possibilita o aumento da adoção das tecnologias e, em consequência, o aumento dos seus impactos econômicos, sociais e ambientais”, afirma, acrescentando que os cursos contam não apenas com a participação das equipes de pesquisa e desenvolvimento, como também das equipes de transferência de tecnologia que atuam na produção pedagógica, técnica e audiovisual, o que tem possibilitado a oferta de cursos muito bem avaliados pelos participantes.

sábado, 1 de março de 2025

Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

 Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Trigo safrinha no Distrito Federal

Trigo safrinha no Distrito Federal

O início de março marca a abertura do período indicado para o plantio do trigo de segunda safra (safrinha) ou de sequeiro no Cerrado do Brasil Central. O trigo safrinha é cultivado após a colheita da soja e sem irrigação, aproveitando o final da estação chuvosa. A cultura tem chamado a atenção dos produtores, seja pelos benefícios conferidos ao sistema de produção, seja pela rentabilidade que ela pode proporcionar, conforme as cotações do mercado. Estima-se que na atual safra devam ser semeados cerca de 200 a 250 mil ha do cereal na região, com crescimento de 5% a 10% na área plantada em relação à safra anterior. Em Goiás, a estimativa é de que o aumento seja ainda maior, podendo chegar a 15%. 

Segundo pesquisadores da Embrapa, o cultivo do trigo safrinha tem avançado principalmente entre produtores que desejam diversificar culturas, mitigar problemas e diminuir riscos ou, ainda, para aproveitar áreas que ficariam em pousio ou seriam cultivadas com plantas de cobertura. 

Com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas à região, como a BRS 404, da Embrapa, o trigo tem sido adotado no sistema de cultivo em plantio direto, principalmente em sucessão à soja e em rotação com o milho e o sorgo, promovendo a diversificação do sistema de produção e diminuindo riscos. O uso do cereal em rotação de culturas tem proporcionado inúmeros benefícios agronômicos ao sistema, como a quebra do ciclo de pragas e doenças, sobretudo fungos de solo, plantas daninhas e nematoides. 

Outro benefício é a possibilidade de rotacionar princípios ativos de defensivos agrícolas, como herbicidas que podem agir no controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato usado nas lavouras de soja RR, assim como no controle de plantas dessa cultura germinadas após a colheita, contribuindo tanto com o vazio sanitário como para eliminar plantas tigueras de cultivos de milho na área. “Além de proporcionar o controle de plantas daninhas, o cultivo do trigo fornece uma excelente palhada, favorecendo o plantio direto nas áreas”, aponta o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

A adoção do trigo após a soja permite que o produtor utilize cultivares de soja com ciclos mais tardios e com tetos produtivos superiores aos de variedades precoces e superprecoces, mais voltadas ao cultivo do milho safrinha. Outro ponto positivo é que o trigo produzido na região do Cerrado é o primeiro a ser colhido na safra brasileira, podendo ser comercializado a preços mais atrativos.

“A colheita do trigo safrinha é realizada no período seco, entre os meses de junho e julho, o que tem garantido um produto de excelente qualidade de grãos e livre das micotoxinas que costumam afetar lavouras do Sul do País em anos de muita chuva na colheita, como a giberela”, observa Júlio Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF). Os rendimentos das lavouras têm variado de 35 a 65 sc/ha em anos de precipitação normal, e as receitas com as vendas têm estimulado os produtores a ampliarem a área cultivada na região.


Pesquisadores apontam recomendações de manejo

 

Os pesquisadores ressaltam que o trigo de sequeiro é indicado para cultivo em regiões de altitude igual ou acima de 800 metros. O produtor deve verificar se o trigo safrinha é indicado para a sua região e utilizar cultivares adequadas. As portarias com as informações sobre o zoneamento agrícola de risco climático para o trigo estão disponíveis na página do Ministério da Agricultura e Pecuária e no aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa, disponível para Android e iOS.

Segundo Albrecht e Chagas, é fundamental que o produtor faça a análise do solo, que deve ser corrigido quanto à acidez com o uso de calcário, enquanto o alumínio em profundidade deve ser neutralizado com o uso de gesso agrícola. O solo também deve estar livre de camadas compactadas, o que permite o aprofundamento das raízes das plantas e o melhor aproveitamento de água e nutrientes – isso minimiza os efeitos dos períodos secos, como os veranicos.

Outra recomendação para amenizar os problemas com a falta de chuvas é o plantio direto, com a semeadura direta na palhada da cultura de verão. A palhada protege o solo das altas temperaturas, amenizando a perda de água por evapotranspiração, além de permitir maior infiltração da água das chuvas, entre outros benefícios.

Para obter ganhos de produtividade, a semeadura deve ser realizada do início de março até o final do mês, de acordo com as precipitações na região: onde as chuvas param mais cedo, o trigo safrinha deve ser plantado no começo do mês. O escalonamento da semeadura, ou seja, a semeadura das áreas em diferentes momentos dentro do período recomendado, ou a semeadura de cultivares de ciclos diferentes podem ser estratégias interessantes, dizem os pesquisadores.

“Assim, a lavoura terá talhões com plantas em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso reduz o risco de a falta de chuva afetar todo o plantio num único momento crítico, como a floração das plantas”, diz Jorge Chagas, lembrando que é fundamental seguir as recomendações de manejo de cada cultivar para a região, como a densidade ideal de semeadura.

O pesquisador acrescenta que, no início da janela de plantio, é importante o uso de cultivares mais tolerantes a doenças, principalmente as manchas foliares e a brusone, doença fúngica que pode causar prejuízos em anos com excesso de chuvas nos meses de abril e maio na região do Cerrado do Brasil Central. Já para semeaduras mais tardias, realizadas após o dia 15 de março, o produtor deve utilizar cultivares mais tolerantes à seca. A baixa precipitação e as temperaturas acima do normal também podem causar prejuízos, principalmente pela ocorrência de veranicos comuns nesse período.

 

Embrapa desenvolveu cultivar adaptada à região

 

A cultivar de trigo BRS 404 foi desenvolvida para condições de baixa precipitação, aproveitando a umidade do solo e o restante das chuvas dos meses de março, abril e maio no Brasil Central. A cultivar tem como principais características maior tolerância ao déficit hídrico, ao calor e ao alumínio no solo, além de elevada produção de matéria seca (palhada) e excelente qualidade tecnológica de grãos. Tem ciclo precoce, variando de 105 a 118 dias, sendo que o período entre a semeadura e o espigamento é de 57 a 67 dias, dependendo do local e da altitude do cultivo. É moderadamente suscetível à brusone e à mancha amarela.

“Em algumas regiões com maior volume de chuvas, como o Sul de Minas Gerais, os produtores têm alcançado produtividades de até 80 sc/ha com a cultivar BRS 404. Aqui no Planalto Central, a produtividade pode chegar a 60 sc/ha, desde que as chuvas tenham uma boa distribuição no período de safrinha”, diz Júlio Albrecht.

Classificada pela indústria como trigo pão, a cultivar, mesmo em anos de menos chuvas, tem entregado pesos hectolítricos (PH) de grãos acima de 80 kg/hl, sendo muito bem aceita pelos moinhos da região. A força de glúten (W), medida que representa o trabalho (energia) de deformação da massa e indica a força de panificação da farinha, varia de 250 a 400 x 10-4 J, sendo bem superior à exigência mínima dos moinhos (220 x 10-4 J). Além disso, a elevada estabilidade (tempo de batimento da massa acima de 15 minutos) favorece a panificação.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Na safrinha, é hora de proteger o solo: estratégia essencial para a produtividade

 


Com a colheita da soja concluída, o momento é propício para planejar a cobertura do solo, uma prática essencial para garantir a sustentabilidade do sistema produtivo. Segundo Gessí Ceccon, analista e engenheiro agrônomo da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), a cobertura do solo não apenas protege contra a erosão, mas também melhora as condições físicas do solo, favorecendo a produtividade futura. “A soja no verão tem um alto valor econômico, e por isso é a cultura predominante. No entanto, após sua colheita, precisamos focar em melhorar as condições do solo”, explica Ceccon.

O milho desponta como a principal espécie para sustentar o sistema de plantio direto, pois possui um sistema radicular agressivo que auxilia na descompactação do solo. “O milho, apesar do foco na produtividade de grãos, tem um papel fundamental na melhoria estrutural do solo. Suas raízes crescem profundamente, aproveitando a umidade residual e criando poros para infiltração da água”, destaca o engenheiro.

Outro ponto essencial é a consorciação do milho com a braquiária, estratégia que a Embrapa vem pesquisando há 20 anos. As raízes de milho produzem poros maiores e as raízes de braquiária poros menores, ambos importantes para a infiltração e armazenamento de água no solo. Apesar de algumas dificuldades técnicas no manejo da população de plantas e no uso de herbicidas no consórcio, a técnica tem se mostrado eficaz. “A braquiária começa a se destacar quando o milho atinge a fase de maturidade, proporcionando uma cobertura uniforme e protegendo o solo contra a erosão e a perda de umidade”, pontua Ceccon.

A cobertura do solo com a braquiária também auxilia na fixação da palha, evitando que ventos fortes a desloquem, mantendo assim a proteção da superfície do solo. Após o período adequado para o plantio do milho, entra em cena a cobertura com plantas como a braquiária consorciada com leguminosas, sendo a mais indicada a crotalária ochroleuca. “A crotalária, diferente do milho e da braquiária, tem raiz pivotante que cresce profundamente, contribuindo para um perfil de solo mais estruturado”, explica Ceccon.

O manejo adequado também passa pelo momento correto de intervenção. Segundo Ceccon, um manejo na braquiária em junho é essencial para reiniciar a produção de massa e garantir qualidade na cobertura do solo. “Plantar braquiária solteira é coisa do passado. Sempre que possível, devemos associá-la a uma leguminosa para melhorar a qualidade da cobertura”, enfatiza. A adoção dessas estratégias permite que a soja seja semeada mais próxima da dessecação, garantindo melhor condição física do solo e maior eficiência produtiva da soja. “Cada detalhe faz diferença na produtividade e na sustentabilidade do sistema produtivo”, conclui Ceccon.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Embrapa Pesca e Aquicultura inicia pesquisa de seleção genética do tambaqui

 

19/02/25   Melhoramento genético

Embrapa Pesca e Aquicultura inicia pesquisa de seleção genética do tambaqui

Foto: Luciana Shiotzuki

Luciana Shiotzuki - Na reprodução induzida, os ovos são extraídos da fêmea do tambaqui para serem misturados ao esperma do macho

Na reprodução induzida, os ovos são extraídos da fêmea do tambaqui para serem misturados ao esperma do macho

Projeto visa identificar exemplares de maior crescimento, mais resistentes ao frio e a doenças 

Teve início, na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), um projeto de pesquisa que visa fornecer subsídios para futuros programas de melhoramento genético no centro de pesquisas. O “Inovação genômica na aquicultura: estratégias de seleção para potencializar a produção sustentável do tambaqui (Colossoma macropomum)” pretende, no prazo de dois anos, avaliar o desempenho da espécie para selecionar os melhores exemplares nos aspectos de crescimento, resistência a frio e resistência à flavobactéria.

Os dados do projeto também irão municiar futuros estudos para melhor aproveitamento da carcaça do tambaqui; identificar quais as linhagens com melhor desempenho em viveiros escavados e tanques-rede, entre outras possibilidades de pesquisa. “Além disso, esses animais serão direcionados futuramente para outras estratégias de melhoramento genético de precisão que a Unidade vem desenvolvendo”, acrescenta Licia Lundstedt, chefe de P&D da Embrapa Pesca e Aquicultura. 

Segundo Luciana Shiotsuki, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura e líder do projeto, o objetivo é gerar um avanço significativo para estudos de melhoramento em peixes nativos. “Pretendemos identificar os tambaquis de melhor desempenho produtivo e compreender as regiões genômicas associadas a tais características”, explica ela. “O potencial impacto deste estudo é viabilizar um pacote tecnológico para impulsionar a cadeia produtiva do tambaqui na indústria da aquicultura, com segurança alimentar, alta qualidade genética e valor agregado”, complementa. 

O projeto é um dos Eixos Temáticos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Biodiversidade e Uso Sustentável de Peixes Neotropicais (INCT-Peixes). O instituto congrega uma rede de universidades, empresas, institutos de pesquisa e outras entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais que unem esforços na ampliação do conhecimento da biodiversidade dos peixes Neotropicais e sua sustentabilidade. A rede é coordenada pela  Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a  Universidade Estadual Paulista (Unesp) é principal parceira desse Eixo Temático do projeto. 

 Milhares de peixes serão analisados 

A população-base que será estudada é composta por 35 famílias (formadas por um pai e uma mãe diferentes) , onde cada família vai gerar de três a quatro mil peixes. Parte da produção será enviada para a Unesp de Jabuticabal, onde serão selecionados os animais mais resistentes à flavobactéria, e outra parte será encaminhada para a Unesp, em Registro, onde os tambaquis serão testados para a resistência ao frio. 

Luciana Shiotsuki destaca a importância da análise à resistência à  flavobactéria. “As enfermidades bacterianas podem causar elevadas taxas de mortalidade de peixes e, quando não ocasionam mortalidade, provocam lesões que inviabilizam sua comercialização, causando grandes prejuízos econômicos à piscicultura”, explica. “Dentre as bactérias que podem causar impacto muito negativo à piscicultura mundial está a Flavobacterium columnare, responsável pela enfermidade conhecida como columnariose, que acomete todas as espécies de peixes de água doce, principalmente na fase de alevinos”.  

Por meio do projeto, o grupo de pesquisa da Unesp realizará a caracterização de genótipos resistentes a doenças de tambaqui utilizando as famílias formadas na Embrapa, contribuindo com a identificação de famílias mais resistentes a essa doença, possibilitando a formação de progênies (pais) com peixes mais sustentáveis e seguros, em função da redução da utilização de antibióticos. 

“Serão selecionados os melhores indivíduos da população para serem pais da próxima geração. Assim, separamos os peixes que tiveram melhor desempenho em crescimento, frio ou resistência à doença para serem os reprodutores da próxima geração e descarto os demais. Daí desse grupo dos melhores reprodutores é formada a próxima geração com seus descendentes, os quais são avaliados em um novo desafio. Tudo isso utilizando ferramentas de melhoramento clássico, com ganhos acumulativos a cada geração”, conclui Luciana Shiotsuki. 

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