sábado, 15 de fevereiro de 2025

Conab aponta novo aumento na produção de grãos alcançando 325,7 milhões de toneladas na safra 24/25

 

Os produtores e produtoras brasileiros devem colher 325,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/25, um crescimento de 9,4% em relação à temporada anterior. O resultado é reflexo tanto de um aumento de 2,1% na área cultivada, estimada em 81,6 milhões de hectares, como na recuperação de 7,1% na produtividade média das lavouras, prevista para 3.990 quilos por hectare. Caso esse cenário se confirme no final do ciclo, este será o maior volume a ser colhido na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados estão no 5º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado pela estatal nesta quinta-feira (13).

Neste 5º Levantamento, a Conab aponta para um aumento na produção total de milho, com expectativa de produção chegando a 122 milhões de toneladas, alta de 5,5% sobre a colheita no ciclo anterior. Conforme indica o Progresso de Safra publicado nesta semana pela Companhia, a colheita da primeira safra do cereal já atinge 13,3% da área plantada. Nesta temporada houve uma redução de 6,6% na área semeada para o milho 1ª. Mas essa queda foi compensada pelo ganho da produtividade média, superior em 9,9% à 2023/24. Com isso a projeção é que sejam colhidas 23,6 milhões de toneladas apenas neste primeiro ciclo. Já a 2ª safra do grão a semeadura já foi realizada em 18,8% da área. As condições climáticas são favoráveis e projeta-se, no momento, crescimento de 2,4% para a área de plantio, refletindo em uma produção de 96 milhões de toneladas, crescimento de 6,4%.

O plantio do milho 2ª acompanha a velocidade de colheita da soja. Com 14,8% da área já colhida, a expectativa é que a produção da oleaginosa está estimada em 166 milhões de toneladas, 18,3 milhões de toneladas acima do total produzido na safra anterior. O resultado reflete o aumento na área destinada para a cultura combinada com a recuperação da produtividade média nas lavouras do país. As condições climáticas foram favoráveis, principalmente no Paraná, em Santa Catarina e na maioria dos estados do Centro-Oeste. As exceções ficam para Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que registraram restrição hídrica a partir de meados de dezembro.

Com a semeadura praticamente concluída, a área destinada para o arroz deve atingir 1,7 milhão de hectares, 6,4% superior à área cultivada na safra anterior. No Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no país, as altas temperaturas e a redução hídrica dos reservatórios, em algumas regiões do estado, embora não indiquem redução de produtividade média, causam preocupações aos produtores. A Conab estima que a produção chegue a 11,8 milhões de toneladas, alta de 11,4% quando comparada com a colheita da safra passada.

Para o feijão, a Companhia também espera um maior volume colhido em 2024/25, com as três safras da leguminosa chegando a 3,3 milhões de toneladas. A primeira safra do produto se encontra em diversos estágios fenológicos e 47% da área estava colhida em 10 de fevereiro. A Conab verifica aumento tanto de área como de produtividade, com a produção estimada em 1,1 milhão de toneladas. Para a segunda safra de feijão, o plantio está em fase inicial e a expectativa é que a colheita chegue a 1,46 milhão de toneladas; enquanto  que na terceira a projeção é que sejam colhidas 778,9 mil de toneladas.

No caso do algodão, a expectativa é que haja um crescimento de 4,8% na área de plantio, estimada em 2 milhões de hectares. A semeadura da fibra já passa de 87% da área prevista e a perspectiva aponta para uma produção de pluma em 3,8 milhões de toneladas, um novo recorde para a cultura caso o resultado se confirme. Para as culturas de inverno, as primeiras estimativas, resultantes de modelos estatísticos, análise de mercado, previsões climáticas e informações preliminares, indicam a produção de trigo, principal produto cultivado, em 9,1 milhões de toneladas. O início do plantio no Paraná tem início a partir de meados de abril e no Rio Grande do Sul em maio. Os estados representam 80% da produção tritícola do país.

Mercado – Com o ajuste na produção de milho, uma vez que o cenário de preços no período de plantio da 2ª safra desta temporada se apresenta mais atrativos em relação ao ciclo 2023/24, a demanda interna também passou por atualização e está estimada em 86,9 milhões de toneladas neste levantamento. Ainda assim, para as exportações do cereal a Conab prevê uma uma leve redução se comparado com o ciclo, dado os consistentes aumentos de demanda interna por milho nacional e a consequente menor sobra de produto para comercialização no mercado internacional. Diante deste panorama, devem ser embarcadas 34 milhões de toneladas na safra 2024/25.

Para o arroz, a Conab atualizou a área semeada para a cultura, resultando em uma produção de 11,8 milhões de toneladas. O aumento na colheita na atual safra garante o abastecimento interno e ainda possibilita um aumento das exportações de arroz brasileiro para 2 milhões de toneladas.

As informações completas sobre o 5º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, com as condições de mercados dos produtos, podem ser conferidas no boletim publicado no Portal da Conab.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Livro sobre transição agroecológica mostra a relevância das redes sociotécnicas e da governança participativa para o desenvolvimento territorial sustentável

 




A Embrapa Meio Ambiente acaba de lançar a obra "Caminhos da Transição Agroecológica no Leste Paulista", um livro que busca subsidiar a identificação de demandas prioritárias e a definição de estratégias coletivas para impulsionar a transição agroecológica na região. A publicação também visa fortalecer a integração entre comunidades rurais e seus parceiros nas áreas de extensão rural, ensino e pesquisa agropecuária, promovendo iniciativas que estimulem o desenvolvimento territorial com enfoque agroecológico.

Francisco Corrales, analista da Embrapa Meio Ambiente e um dos editores do livro, destaca que a publicação foi elaborada com o propósito de orientar o planejamento de ações em ciência e tecnologia, com uma visão estratégica para a agricultura brasileira. “Nosso foco inclui processos de gestão territorial, que contemplem a sustentabilidade dos sistemas de produção, considerando a conservação da água, do solo e da biodiversidade, além da mitigação dos impactos das mudanças climáticas”, explica Corrales. Ressalta ainda as contribuições em referenciais para iniciativas promotoras do desenvolvimento territorial rural em suas múltiplas dimensões: social, econômica, ambiental, política e ética.

A obra enfatiza a relevância das redes sociotécnicas e da governança participativa na transição para modelos sustentáveis de produção agropecuária. Para isso, propõe abordagens que favorecem a geração e o intercâmbio de conhecimentos, especialmente para a agricultura familiar, segmento que mais necessita de suporte público em ciência e tecnologia. A identificação de demandas locais, por meio de métodos participativos, é essencial para garantir tomadas de decisão coerentes com o contexto territorial.

Para Joel Queiroga, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e editor do livro, a publicação não apenas apresenta estratégias para a produção sustentável de alimentos, mas também oferece diretrizes metodológicas na realização de diagnósticos socioambientais voltados ao conhecimento da realidade do território e processos participativos em prospecção de demandas. “Nosso objetivo é fortalecer a agroecologia e apoiar as iniciativas das populações mais vulneráveis, tanto no campo quanto nas cidades”, afirma Queiroga.

Pretende-se que a iniciativa contribua para o fortalecimento de práticas agroecológicas no Leste Paulista e em outras regiões do país. De acordo com a pesquisadora Cristina Criscuolo, da Embrapa Territorial e também editora do livro “Gostaríamos de inspirar pessoas e coletivos envolvidos em processos que contribuam para animação de processos e tomadas de decisão promotoras do desenvolvimento territorial sustentável, a partir dos princípios da agroecologia”. 

O livro parte do resgate histórico da Rede de Agroecologia do Leste Paulista e do aprendizado adquirido com o projeto “Prospecção de demandas e intercâmbio de conhecimentos para a transição agroecológica da agricultura familiar no território Leste Paulista”, realizado entre 2018 e 2022. A publicação tem 159 páginas e está estruturada em cinco capítulos. O primeiro apresenta o contexto histórico e as políticas públicas ligadas à agricultura familiar agroecológica, detalhando a evolução da Rede de Agroecologia do Leste Paulista e seu modelo de gestão.

O segundo aborda os referenciais teórico-metodológicos, destacando a prospecção de demandas, o intercâmbio de conhecimentos e as metodologias participativas. O terceiro trata da aplicação dessas metodologias na região, fornecendo um diagnóstico socioeconômico e ambiental do Leste Paulista. No quarto capítulo, os resultados obtidos são analisados e organizados em sete eixos programáticos que orientam os grupos de trabalho da rede. Por fim, o quinto capítulo aponta perspectivas para o futuro da Rede de Agroecologia do Leste Paulista e apresenta diretrizes para fortalecer a transição agroecológica e o desenvolvimento rural sustentável nesse território.

A publicação está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em especial ao ODS 2 - Fome Zero e Agricultura Sustentável e ao ODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Contou com a participação de doze autores, vinculados a Unidades Descentralizadas da Embrapa (Meio Ambiente, Territorial, Agrobiologia e Meio-Norte), além de instituições de extensão rural e ensino superior, como a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - Cati, a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo - Itesp e a Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. 

Conab promove palestra sobre acesso de comunidades tradicionais a políticas públicas de incentivo à agricultura familiar

 A qualificação de comunidades tradicionais para o acesso a políticas públicas de incentivo à agricultura familiar será o foco da palestra que acontece nesta quinta-feira (13), das 14h às 18h, no auditório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Brasília. O evento, de caráter formativo, é direcionado aos cursistas do Programa de Formação em Cadeias de Valor Sustentáveis e Inclusivas do Cerrado: Formar Baru, uma iniciativa do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), em parceria com a Associação Quilombo Kalunga (AQK) e a CooperFrutos do Paraíso, ambas situadas na região da Chapada dos Veadeiros.

A abertura contará com a participação do presidente da Conab, Edegar Pretto, que reforçará a importância das políticas públicas voltadas à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável. A cerimônia terá ainda a presença do coordenador de Apoio a Parcerias na Secretaria de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar (SEAB/MDA), João da Mata Nunes Rocha, da superintendente de Gestão da Oferta da Companhia, Candice Mello Romero Santos, da assessora da Diretoria de Política Agrícola e Informações da estatal, Naiara Bittencourt, e de um representante do IEB.

Após a abertura, será feita uma explanação sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com destaque para suas modalidades de participação, incluindo a Compra com Doação Simultânea (CDS), amplamente utilizada por organizações como a CooperFrutos do Paraíso. Na sequência, será apresentada a Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio), detalhando como o cálculo dos custos de produção impacta a valorização dos produtos agroextrativistas. O evento será finalizado com a exposição do Programa Arroz da Gente, uma iniciativa do Governo Federal para incentivar a produção do grão em áreas que historicamente já o cultivaram.

O encontro tem como objetivo não apenas apresentar as políticas públicas disponíveis, mas também orientar os participantes sobre como acessá-las, com o intuito de fortalecer suas atividades produtivas e ampliar a comercialização de produtos agroextrativistas. Com um público formado por quilombolas, agricultores familiares e representantes de comunidades tradicionais do Cerrado Brasileiro, o Formar Baru busca qualificar essas populações para aprimorar suas cadeias produtivas, promovendo autonomia e protagonismo local. A iniciativa faz parte do projeto “Cerrado em pé com geração de renda: a cadeia produtiva do baru como aliada da biodiversidade e dos povos tra

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Brasil tem grande potencial para produção de peixes nativos

 



O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil. De acordo com a última Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 o País produziu 113,6 mil toneladas da espécie, movimentando mais de 1,2 bilhão de reais no período.

Em termos de estados, Rondônia liderou a produção naquele ano, com quase 47,2 mil toneladas. Na sequência, vieram Roraima (com mais de 16,3 mil toneladas) e Maranhão (que produziu mais de 10,6 mil toneladas de tambaqui em 2023). Os três principais estados, portanto, responderam por cerca de 65% da produção nacional da espécie em 2023.

Considerando o potencial do Brasil, que possui regiões muito propícias à produção de peixes nativos, os números ainda são modestos. A Embrapa e outras instituições conjugam esforços para mudar esse cenário.

Ciência e setor produtivo se unem para construir pacotes tecnológicos em prol do tambaqui

 



Essa evolução no ganho de peso é mais um avanço que faz parte de um processo maior, construído em parceria entre a pesquisa e o setor produtivo, para melhorar a produtividade do tambaqui em tanque-rede, conforme a pesquisadora. Ainda não existe um protocolo completo de produção ou um pacote tecnológico para a espécie, diferentemente da tilápia, que já possui essas orientações e, muito em função disso, é o peixe mais produzido e exportado pelo Brasil.

Os resultados do Monotamba são zootécnicos, ou seja, referem-se à criação e à produção, mas ainda faltam resultados econômicos, tão importantes quanto os já obtidos. Segundo a pesquisadora, “é preciso calcular os indicadores econômicos para ver se esse tempo que o peixe tem que permanecer indoor vai representar um alto custo para o produtor”.

Um ponto fundamental é que, como os animais já são condicionados desde o início a se alimentarem apenas de ração e esse insumo pode representar até 80% dos custos de produção, saber a quantidade e o momento da alimentação passam a ser pontos de atenção ainda mais necessários para o produtor.

Além do ganho de peso já possível, o aumento da densidade de população nos tanques-rede é outra evolução próxima. Tavares acredita que uma densidade de 50 kg/m³ é viável. Dessa maneira, ocorreria outra diminuição de diferença entre a produção de tambaqui e a de tilápia, que é feita em densidades normalmente maiores.

A pesquisadora contextualiza o atual estágio dos trabalhos: “Estamos avançando, faz parte de um processo. Teremos espécies melhoradas para tanque-rede, teremos edição genômica que vai auxiliar também no ganho de peso nesse sistema de produção. Tem tudo para dar certo, é um baita potencial que o tambaqui tem, principalmente, para a Região Norte do Brasil”.

 

Foto: Aliny Melo

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Solo mais ácido diminui capim invasor e ajuda a restaurar vegetação nativa do Cerrado, aponta estudo


05 de fevereiro de 2025

Aplicação de sulfato ferroso em área degradada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, reduziu disponibilidade de nutrientes e conteve espécies exóticas, permitindo que gramíneas próprias do bioma, adaptadas a solos pobres, crescessem novamente

André Julião | Agência FAPESP – Em estudo publicado na revista Restoration Ecology, um grupo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aponta um caminho promissor para a restauração do Cerrado.

Por meio de um experimento realizado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, os autores demonstraram como, diferentemente do que fazem algumas iniciativas de restauração convencionais, não se deve adicionar nutrientes ao solo quando se trata do Cerrado, pelo contrário.

Em uma área em restauração dentro do parque, os pesquisadores analisaram o crescimento de gramíneas invasoras e de espécies nativas depois da aplicação de sulfato ferroso, que torna o solo mais ácido e diminui a disponibilidade de nutrientes. Nos locais em que o mineral foi aplicado, reduziu-se em quase 71% a ocorrência de invasoras, sem que houvesse prejuízo para as nativas.

“As plantas do Cerrado têm uma baixa demanda nutricional, são de crescimento lento. Enquanto as gramíneas invasoras crescem rápido e demandam muitos nutrientes. O sulfato ferroso devolve ao solo a condição mais próxima da original, favorecendo as nativas e dificultando o crescimento das invasoras”, explica Demétrius Lira Martins, que conduziu o trabalho durante seu pós-doutorado no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, com apoio da FAPESP.

A área de 50 hectares passou a ser restaurada em 2016, após cerca de 30 anos como pastagem. Quatro anos depois de retirado o capim exótico, feita a preparação do solo e a semeadura de espécies nativas, o local foi novamente tomado pelas gramíneas africanas.

Em 2021, a restauração foi retomada. Desta vez, foi estabelecido o experimento para verificar o efeito da acidificação do solo na contenção do capim exótico. Os pesquisadores demarcaram 14 blocos de 100 metros quadrados (m2). Em cada um deles, separaram quatro blocos menores, de 1 m2 cada, separados em 10 metros de distância entre si.

Em metade desses blocos, foi aplicado sulfato ferroso no solo antes da semeadura de gramíneas e arbustos nativos. Após quatro meses da última aplicação, foram coletadas e pesadas amostras das plantas que cresceram em cada quadrado, tanto nativas quanto exóticas.

Ao comparar os blocos, observou-se uma redução de 70,7% na biomassa das espécies invasoras onde foi realizada a acidificação, sem que houvesse prejuízo às espécies nativas. 

“A acidificação aumentou os níveis de alumínio no solo, que é tóxico para plantas convencionais. Mas as espécies nativas lidam muito bem com isso. Não é à toa que a primeira coisa que se faz após desmatar uma área de Cerrado para lavoura ou pastagem é fazer a calagem [aplicação de calcário], que diminui a disponibilidade de alumínio e aumenta de outros nutrientes”, conta Martins.


No alto, bloco experimental em início de implementação e que teve o solo acidificado ficou livre de capim invasor, com nativas retornando lentamente.
Na outra foto, local que não recebeu o sulfato ferroso tomado pelas espécies africanas (fotos: Demétrius Lira Martins)

Estratégias

O estudo integra o projeto “Restaurando ecossistemas neotropicais secos: seria a composição funcional das plantas a chave para o sucesso?”, apoiado pela FAPESP e coordenado por Rafael Silva Oliveira, professor do IB-Unicamp.

A estratégia apresentada agora se soma a outras desenvolvidas pelo grupo. Em trabalho anterior, também apoiado pela FAPESP, os pesquisadores mostraram como uma maior diversidade de espécies nativas funciona como forma de conter gramíneas invasoras (leia mais em: agencia.fapesp.br/50773).

No caso da acidificação, os pesquisadores ressalvam que o sulfato ferroso é apenas um dos compostos que podem realizar essa função. Experimentos no hemisfério Norte, por exemplo, usaram enxofre para o mesmo fim. Mas para realizar algo em grande escala no futuro é preciso antes avaliar o melhor custo-benefício.

“Em tese, qualquer substrato ácido pode servir. Uma das opções poderia ser o resíduo do processamento da cana-de-açúcar, que é abundante e barato. Por sua vez, a cama de frango descartada [serragem ou outro material usado no chão de granjas] é bastante ácida, mas contém muito nitrogênio, que favorece as invasoras. É preciso avaliar os possíveis impactos de cada opção e a viabilidade financeira”, pontua o pesquisador.

Ainda segundo Martins, outro fator a ser levado em conta em futuros trabalhos de restauração é a comunidade microbiana do solo, algo ainda pouco conhecido quando se trata do Cerrado.

“Os microrganismos do solo são a base da ciclagem de nutrientes. Por isso, formas de trazer de volta os originais do Cerrado são fundamentais para restaurar esse bioma tão ameaçado”, encerra.

Bônus PGPAF: Feijão e outros produtos contemplados pela Conab em fevereiro

 

Produtores de feijão do Distrito Federal e dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina agora contam com o benefício do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A leguminosa foi incluída em fevereiro na lista de bônus de desconto do programa, para aqueles agricultores que, ao venderem seus produtos, não atingem o preço mínimo de garantia estabelecido. A medida foi publicada, nesta segunda-feira (10), pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).

Além do feijão, outros produtos continuam a ser contemplados pelo PGPAF, como o açaí (fruto de cultivo), banana, batata, cará/inhame, castanha-de-caju, cebola, erva-mate, feijão-caupi, manga, mel de abelha, raiz de mandioca e trigo, com alteração em alguns dos estados beneficiados e nos percentuais de desconto em determinados produtos.

A banana, por exemplo, terá bônus de desconto para produtores de Alagoas, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo, com percentuais que variam de 3,44% até 43,88%. Já a batata, terá um bônus de 73,37% para os produtores do Paraná, representando um incentivo considerável para a produção deste tubérculo no estado.

A castanha-de-caju, por sua vez, terá bônus que variam de 29,18% a 46,06%, beneficiando produtores da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. O mel de abelha também segue na lista, com bônus entre 8,46% e 44,57% para produtores de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A manga terá bônus de 55,91% a 69,33%, contemplando produtores da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Já o trigo terá bônus que variam de 1,82% a 16,83%, de acordo com o estado de produção.

O bônus de desconto do PGPAF é uma ferramenta para a manutenção da agricultura familiar no Brasil. Ele garante que os produtores recebam um preço justo por seus produtos, mesmo em situações de mercado desfavoráveis, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país. Para ter acesso ao bônus, o agricultor familiar precisa estar cadastrado no Pronaf, produzir um dos produtos contemplados pelo PGPAF e comprovar que o preço de venda do seu produto está abaixo do preço de garantia.

A lista completa dos produtos e seus respectivos bônus, bem como os estados contemplados, podem ser consultados na Portaria nº 310, de 06 de fevereiro.

Estudantes da UFVJM conhecem pesquisas com pitaya e manejo de água na Embrapa Cerrados

  Foto: Breno Lobato Visitantes conheceram o sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo e experimentos com pitayas A Embrapa Cerrados ...