quarta-feira, 11 de junho de 2025

Congresso Brasileiro de Soja debaterá 100 anos de soja no Brasil vislumbrando o amanhã


 CBSoja debate 100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã

A 10ª edição do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e do Mercosoja 2025 será realizada de 21 a 24 de julho de 2025, em Campinas (SP), pela Embrapa Soja. Para esta edição comemorativa dos 50 anos da Embrapa Soja, o tema central dos eventos será os 100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã. Considerado o maior fórum técnico-científico da cadeia produtiva da soja na América do Sul, a expectativa da comissão organizadora do CBSoja e Mercosoja é reunir cerca de 2 mil participantes de diferentes segmentos. 

A agenda técnica está composta de temáticas referentes aos últimos avanços da ciência para a cultura da soja, assim como contribuições relevantes sobre temas que vêm impactando o cotidiano da cadeia produtiva, sejam processos e práticas ou inovações. “Construímos uma programação com foco em temas que enfatizem a agregação de valor e o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, pautada em tecnologia e inovação”, ressalta o presidente do CBSoja, Fernando Henning, pesquisador da Embrapa Soja.

A programação técnica contará com quatro conferências e nove painéis em que serão realizadas mais de 50 palestras com especialistas nacionais e internacionais de vários segmentos ligados ao complexo soja. “Priorizamos quatro palestras dedicadas  aos desafios logísticos do Mercosul, assim como questões referentes à biotecnologia e à propriedade intelectual na região”, detalha Henning.

Outra inovação na programação do CBSoja será a realização do Mãos à Obra, um espaço dedicado ao debate de questões práticas em cinco grandes temas: Fertilidade do solo e adubação, Manejo de nematoides, Plantas daninhas, Bioinsumos e Impedimentos ao desenvolvimento radicular. Também haverá um worshop internacional Soybean2035: A decadal vision for soybean biotechnology, cujo objetivo é debater os próximos 10 anos das ferramentas biotecnológicas na soja, com palestrantes da China, Estados Unidos, Canadá e Brasil.

Sessão pôster - A comissão organizadora aprovou 328 trabalhos técnico-científicos que serão distribuídos em nove sessões temáticas: 1) Ecologia, Fisiologia e Práticas Culturais, 2) Entomologia, 3) Fitopatologia, 4) Genética, Melhoramento e Biotecnologia, 5) Nutrição Vegetal, Fertilidade e Biologia dos Solos, 6) Plantas Daninhas, 7) Pós-Colheita e Segurança Alimentar, 8) Tecnologia de Sementes e 9) Transferência de Tecnologia, Economia Rural e Socioeconomia. Os trabalhos serão apresentados em sessão pôster, cujos autores  estarão presentes para esclarecimento de dúvidas, em horário definido na programação.

Histórico da soja e papel da Embrapa Soja - Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. De acordo com a publicação “A saga da soja: de 1050 a.C. a 2050 d.C”, editada pela Embrapa Soja, a soja chegou ao Brasil pela Bahia, em 1882, quando foram realizados os primeiros testes com cultivares introduzidas dos Estados Unidos, mas não houve sucesso. Somente após ser introduzida no Rio Grande do Sul, em 1914, para testes, e a partir de 1924, em plantios comerciais, é que a soja apresentou adaptação. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960. 

Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil. Com as pesquisas da Embrapa, foi possível romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro.

Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa e seus parceiros criaram um sistema de produção de soja tropical. Isso inclui recuperação/manutenção da fertilidade do solo, técnicas de manejo da cultura, controle de plantas daninhas e pragas e doenças, melhoria da qualidade das sementes, entre outras. Esse conjunto de tecnologias tem permitido a sustentabilidade agrícola da cultura da soja no Brasil. A Embrapa Soja foi criada em 16 de abril de 1975, com o propósito de desenvolver tecnologias que viabilizassem a produção de soja no Brasil. Foi além, tornou-se referência mundial em pesquisa dessa oleaginosa para regiões tropicais. 

Na safra 2024/25, o Brasil produziu aproximadamente 167 milhões de toneladas de soja, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que mantém o País na liderança mundial da produção do grão, seguida dos Estados Unidos e da Argentina. Historicamente, a Embrapa Soja, vem liderando redes de pesquisa para geração de soluções sustentáveis para incrementar a produção da leguminosa, reduzir os custos de produção e as emissões de CO2 relacionadas a sua produção além de aumentar a renda dos produtores.

 

Mais informações na página do evento www.cbsoja.com.br.

SERVIÇO - X Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2025
Data: 21 a 24 de julho de 2025
Local: Campinas (SP)
Inscrições e mais informações: cbsoja.com.br

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Embrapa Pesca e Aquicultura lança cartilha sobre boas práticas sanitárias na criação do pirarucu

 

A publicação é ilustrada e contém orientações e dicas para que o produtor possa diminuir as chances de doenças no cultivo da espécie

“Principais doenças e boas práticas sanitárias na criação do pirarucu” é a mais recente cartilha da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), voltada para produtores, extensionistas e estudantes. Com uma linguagem simples e acessível, a publicação é ilustrada, com 24 páginas, e traz orientações e dicas para que o produtor possa diminuir as chances de doenças no cultivo da espécie. A cartilha está disponível online e pode ser baixada gratuitamente no site da Embrapa ou na Ater+Digital ‒‒ plataforma premiada da Embrapa que traz vídeos, notícias e publicações sobre o cultivo e produção em diversas áreas importantes da agropecuária, numa linguagem simples e direta.

 

“A cartilha traz um compilado de informações de doenças de pirarucu e manejos que temos desenvolvido nas pesquisas que realizamos com a espécie nos últimos anos”, detalha a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Patricia Maciel. 

 

A cientista conta que a Embrapa já tinha outros livros sobre o assunto, mas havia a necessidade de uma publicação com uma linguagem mais rápida e direta para levar informação a produtores e técnicos que trabalham com a espécie. “São informações objetivas e sem muita especificações, justamente devido à natureza ser uma cartilha”, esclarece.

 

A veterinária enumera as boas práticas de manejo na piscicultura que impactam diretamente na produção: monitoramento da qualidade da água; alimentação adequada dos peixes; cuidados nos manejos de biometria; na transferência de peixes de um tanque para outro (repicagem) para evitar estresse e lesões na pele dos peixes, assim como evitar o uso indiscriminado de medicamentos, tais como antibióticos, sob risco de desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos. 

 

“No caso dos pirarucus, por ser uma espécie de respiração aérea, é comum os produtores não cuidarem da qualidade da água, mas já provamos em outros estudos o quanto uma água de viveiro bem cuidada impacta no crescimento e na saúde do animal”, conclui.


Matéria originalmente publicada no portal da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Elisângela Santos (19.500-RJ)
Embrapa Pesca e Aquicultura

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Tecnologia e boas práticas impulsionam cultivo da pitaya no DF

 


Cultivares geneticamente superiores e boas práticas agrícolas no cultivo da pitaya foram os principais temas do Dia de Campo promovido pela Embrapa Cerrados e Emater-DF, realizado na última quarta-feira (28). O evento aconteceu na Unidade de Apoio da Fruticultura da Embrapa Cerrados e reuniu cerca de 50 fruticultores, além de técnicos e extensionistas da Emater-DF.

A programação atraiu a atenção de produtores interessados em diversificar suas culturas. Maristela Soeira, uma das participantes, saiu animada com o que aprendeu: “O que aprendi aqui hoje vou aplicar com certeza. Vou me tornar uma produtora de pitaya”, afirmou. Ela contou já ter tentado o cultivo da fruta anteriormente, mas sem sucesso. “Agora não vou perder tempo”, garantiu.

Outra produtora presente, Norma Fernandes, celebrou a oportunidade de finalmente participar do encontro. “Sempre quis vir, mas nunca tive oportunidade. Vou levar daqui muito conhecimento e espero voltar outras vezes. Além de tudo, isso faz bem para a minha saúde mental”, destacou.

Durante o evento, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro, apresentou as novas cultivares da fruta desenvolvidas pela instituição: BRS Lua do Cerrado, BRS Luz do Cerrado, BRS Granada do Cerrado, BRS Minipitaya do Cerrado e BRS Âmbar do Cerrado. Ele também destacou as boas práticas de manejo recomendadas no sistema de produção e falou sobre a versatilidade da pitaya na culinária, apresentando a publicação Pitaya: uma alternativa frutífera e o livro Pitaya: 200 formas de utilização em receitas doces e salgadasAcesse aqui mais informações sobre as cultivares.

Na segunda parte da programação, os participantes fizeram uma visita guiada à Unidade Experimental das Pitayas. Geovane de Andrade, técnico da Embrapa Cerrados, e Felipe Cardoso, extensionista da Emater-DF, apresentaram recomendações técnicas sobre o cultivo da fruta, abordando preparo do solo, plantio, espaldeiramento, controle de plantas invasoras, adubação, irrigação, colheita e os tipos de podas recomendadas. O material propagativo gerado durante as demonstrações foi entregue à Emater-DF para implantação de novas unidades demonstrativas na região.

Felipe Cardoso destacou os frutos da parceria entre Embrapa e Emater-DF no fomento à pitaya no Distrito Federal. Um dos marcos foi a criação de uma unidade de validação na feira AgroBrasília, onde, anualmente, são realizadas oficinas de poda. “A cada oficina, o produtor aprendia sobre as novas variedades e técnicas de cultivo, e muitos levavam cladódios para iniciar plantações próprias”, contou. Como resultado, o número de produtores passou de apenas quatro para 103, e a área plantada já chega a 35 hectares no DF.

Para os interessados em aprofundar os conhecimentos, a Embrapa Cerrados disponibilizou na plataforma e-Campo o minicurso gratuito Fruticultura Tropical – Pitayas: melhoramento genético e sistemas de produção. Com carga horária de seis horas, o curso aborda temas como cultivares, melhoramento genético, sistemas de produção e boas práticas agrícolas. A capacitação é online, pode ser feita a qualquer momento e oferece certificação pela Embrapa.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Boletim da Conab aponta queda de preços da cenoura no atacado após quatro meses de alta

 

A boa oferta de cenoura, nas principais Centrais de Abastecimento (Ceasas), influenciou na queda dos preços praticados no atacado no último mês. A média ponderada das cotações da raiz em abril registraram uma diminuição de 22,88%. De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a oferta dos principais produtores vem sendo suficientes para não deixar os preços dispararem como em 2024. É o que mostra o 5º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta sexta-feira (23) pela estatal.

Alface e tomate também ficaram mais baratos no último mês. No caso da folhosa, o comportamento das cotações foi influenciado pela demanda pelo alimento e a redução nos preços não foi uniforme, sendo registrada na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Ceasa de Campinas e em Santa Catarina. Para o tomate, a média ponderada dos preços caiu 5,82%, em relação à média de março, diante do aumento na oferta de 5,3% em relação a março.

Já para a cebola e batata, a Conab verificou alta nas cotações. A média ponderada de preço da batata subiu 36,67% em relação a março. Apesar da alta recente, é importante destacar que os preços seguem em patamares baixos, inferiores aos dois anos anteriores. Essa elevação pode ser explicada pelo início da mudança do eixo fornecedor do alimento a partir da diminuição dos envios da safra das águas paranaenses e aumento do fornecimento do alimento produzido nos estados do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste.

A cebola apresentou movimento ascendente dos preços em abril. Mesmo com as constantes altas registradas no início deste ano, movimento esperado para o período, as cotações estão abaixo do praticado em 2024. Esses valores mais baixos em comparação com 2024 podem ser atribuídos à recuperação da safra de Santa Catarina.

No caso das frutas, o movimento preponderante de preços da banana, laranja, mamão e melancia foi de queda. As cotações da banana caíram de forma leve na maioria das Ceasas analisadas, assim como o volume comercializado. Os preços da variedade prata estiveram elevados e foram contidos não só pela demanda, como também pelo menor tempo para a comercialização diante dos feriados em abril e pela concorrência com a banana nanica, mais barata.

No caso da laranja, a diminuição nos valores de comercialização praticado são influenciados pela menor qualidade de diversos lotes do cítrico e da demanda enfraquecida, influenciada pelo frio que se abateu sobre diversos centros consumidores. Para o mamão, a média ponderada dos preços chegou a cair em 10,53%. Assim como a laranja, o clima mais frio teve reflexo em uma menor demanda pela fruta. A boa oferta da variedade formosa também influenciou na redução dos preços. Cenário semelhante foi verificado para a melancia. As baixas temperaturas refletem em uma menor demanda pelo alimento. Com a menor procura, a média ponderada de preços teve redução de 15,39%.

Dentre as frutas analisadas, a única que apresentou aumento no preço, foi a maçã. A média ponderada do produto subiu 3,86%. Essa elevação é influenciada, principalmente, pela comercialização da variedade gala, que esteve controlada com o fim da colheita, o que tornou possível às classificadoras negociarem maiores preços. Já a variedade fuji atingiu o pico da colheita no fim do mês.

Exportações – No primeiro quadrimestre de 2025, o volume total enviado ao exterior foi de 407 mil toneladas, de acordo com Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado representa uma alta de 24% em relação ao primeiro quadrimestre de 2024. Essas exportações geraram um faturamento de U$S 445 milhões (FOB), superior a 11% em relação ao primeiro quadrimestre de 2024 e de 29% em relação ao mesmo período de 2023.

Destaques – Nesta edição, a seção Destaques das Ceasas aborda as condições das rodovias brasileiras utilizadas para o escoamento dos alimentos in natura e os impactos desse transporte na comercialização desses produtos nas Centrais de Abastecimento.

Os dados estatísticos do Boletim Prohort da Conab são levantados nas Centrais de Abastecimento localizadas em São Paulo e Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Curitiba (PR), São José (SC), Goiânia (GO), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Rio Branco (AC) que, em conjunto, comercializam grande parte dos hortigranjeiros consumidos pela população brasileira. As informações completas sobre a comercialização das principais frutas e hortaliças no mês de abril deste ano podem ser acessadas no 5º Boletim Hortigranjeiro 2025, disponível no Portal da Conab.

 

Diplomatas conhecem tecnologias da Embrapa no Dia Internacional da AgroBrasília 2025 Foto: Breno Lobato



Representantes de 20 embaixadas em Brasília puderam conhecer diversas tecnologias sustentáveis da Embrapa para o Cerrado do Planalto Central durante o Dia Internacional da feira AgroBrasília 2025, realizado na manhã da última quinta-feira (22). Após acompanharem palestras sobre o agronegócio brasileiro no Auditório Buriti, entre elas a do chefe-adjunto de Transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro, eles fizeram uma caminhada pelo Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, onde a feira é realizada de 20 a 24 de maio, e visitaram a vitrine de tecnologias da Embrapa.

Na palestra, Faleiro abordou o papel da Embrapa, da ciência e da tecnologia para a sustentabilidade da agricultura no Brasil. Ele explicou a missão da Embrapa e o funcionamento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, da qual a Empresa faz parte junto com outras diversas instituições públicas e privadas de ensino, pesquisa e fomento. 

Ao destacar a importância da ciência e da tecnologia para a agricultura, o pesquisador mostrou como se deu a transformação do setor nos últimos 50 anos. Com investimentos em pesquisa científica e em políticas públicas, e o empenho dos pequenos, médios e grandes produtores rurais, houve o aumento significativo da produtividade de grãos, fibras e energia, tornando o Brasil, antes importador de alimentos na década de 1970, em grande produtor e exportador de alimentos nos dias atuais. A conquista do Bioma Cerrado, que converteu solos de baixa fertilidade em solos férteis, contribuiu para essa revolução, e hoje a região é a principal produtora de diversos produtos agropecuários do País.

A importância social da agricultura brasileira também foi mostrada por Faleiro, ao destacar que a agropecuária gera empregos diretos e indiretos e renda no setor primário (vendas de insumos, em fazendas), na indústria e no comércio (atacado e varejo).

A inovação no processo de desenvolvimento tecnológico também é uma preocupação da Embrapa. Faleiro lembrou que o atual Plano Diretor (PDE) da Empresa contempla a análise de cenários para o período 2024-2030, e falou sobre a atuação da pesquisa, desenvolvimento e inovação no âmbito dos sete Objetivos Estratégicos finalísticos do PDE: Recursos Naturais e Mudança do Clima; Segurança Alimentar e Saúde Única; Produção Sustentável e Competitividade; Bioeconomia e Economia Circular; Inclusão Socioprodutiva e Digital; Tendências de Consumo e Agregação de Valor; e Tecnologias Emergentes e Disruptivas.

Entre as diversas tecnologias e inovações da Embrapa e parceiros que transformaram a agricultura brasileira, em especial o Cerrado, o pesquisador citou os 96 programas de melhoramento genético de plantas e animais da Empresa, entre eles, os que permitiram a tropicalização da soja e do trigo, com o desenvolvimento de cultivares e sistemas de produção adaptados a diferentes regiões; o cultivo de frutas temperadas em regiões tropicais e o cultivo de frutas tropicas em regiões temperadas; a viabilidade de culturas alternativas para a diversificação dos sistemas, como o café e o girassol; e a adaptação de bovinos de raças zebuínas (Nelore, Gir, Guzerá e Sindi) e de espécies leguminosas e gramíneas forrageiras.

Outros exemplos de tecnologias importantes citados foram a Fixação Biológica de Nitrogênio, que por meio do uso de inoculantes praticamente eliminou o uso de adubos nitrogenados na cultura da soja, gerando uma economia anual de pelo menos US$ 15 bilhões; a caracterização, manejo e conservação do solo e da água, utilizando o Sistema Plantio Direto e outras tecnologias conservacionistas para garantir a produtividade e melhorar a saúde do solo; o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que auxilia o produtor a definir a melhor época de plantio de mais de 40 culturas, diminuindo os riscos de perdas por eventos climáticos; o Manejo Integrado de Pragas, Doenças, Nematoides e Plantas Daninhas, que combina diversas estratégias que reduzem o uso de defensivos químicos no controle fitossanitário; e os sistemas integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que intensificam o uso da terra, aumentam a produtividade vegetal e animal e recuperam pastagens degradadas.

O pesquisador ressaltou, ainda, a busca pelo equilíbrio entre a produção agropecuária e o meio ambiente. “Com ciência e tecnologia, é possível produzir e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo”, afirmou, explicando que o Código Florestal brasileiro determina que os produtores destinem uma parte do imóvel rural à preservação ambiental – o percentual da área varia conforme a região. “Podemos dizer, com segurança, que o produtor brasileiro é também um ambientalista pela força da legislação e com o uso da ciência e da tecnologia”, completou. 

Dados oficiais do uso das terras brasileiras apontam que 66,3% do território nacional corresponde a áreas protegidas e preservadas, sendo que metade delas (33,2%) está nos imóveis rurais; enquanto apenas 30,3% é destinado à produção agropecuária (21,2% são de pastagens e 7,8% são de lavouras) e o restante (3,5%) corresponde a áreas urbanas. No Cerrado, 52,6% da área é preservada e protegida, enquanto o uso agrícola ocupa 45,3% (29,2% com pastagens e 14,3% com lavoras) da extensão do Bioma. 

Faleiro lembrou que a ciência e a tecnologia brasileiras buscam atender aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Ao falar sobre os desafios para a transferência de tecnologia no Brasil, o pesquisador apontou as dimensões continentais e a diversidade de biomas do País. “É importante que as tecnologias geradas considerem as particularidades de cada região. Temos mais de 6,5 milhões de produtores rurais espalhados pelo Brasil, e a ciência tem a preocupação de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, finalizou.

Também foram palestrantes o presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, que destacou a trajetória e a importância da agricultura brasileira, bem como as oportunidades que podem ser geradas para todos; o diretor substituto de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério da Agricultura e Pecuária, André Okubo, que apresentou as ações de promoção internacional do agronegócio brasileiro empreendidas pelo governo federal; o secretário de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal, Paco Britto, que destacou a qualidade da produção agropecuária do DF e a importância de Brasília como centro nacional e internacional de agronegócios; e Cleison Duval, presidente da Emater-DF, que detalhou as contribuições do órgão de assistência técnica e extensão rural para o desenvolvimento rural do DF nos eixos econômico, social e ambiental.

Na vitrine de tecnologias da Embrapa, Faleiro fez uma breve apresentação das tecnologias em bovinos zebuínos de corte e leite; cultivares de forrageiras, soja, arroz, feijão, mandioca, girassol, sorgo, trigo, maracujá, pitaya e café canéfora; além de consórcios de forrageiras e grãos e bioinsumos. O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Hortaliças (DF), Ítalo Ludke, apresentou as opções de cultivares e tecnologias de diversas hortaliças, bem como o Sistema Plantio Direto em Hortaliças. Os visitantes também percorreram três dos 10 circuitos tecnológicos do Espaço de Valorização da Agricultura Familiar da Emater-DF e os estandes da Aprosoja-GO e do Grupo de Apoio à Agricultura Sustentável (GAAS).

O Dia Internacional é promovido pela AgroBrasília e pela Secretaria de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal, com o apoio da Embrapa, da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Emater-DF.

Participaram dessa edição representantes das embaixadas da Argentina, Camboja, Israel, Myanmar, Nepal, Nigéria, República Democrática do Congo, Nova Zelândia, República Dominicana, República Tcheca, Rússia, Alemanha, El Salvador, Belarus, Uruguai, Haiti, Turquia, Venezuela, Trinidad e Sri Lanka.

Consórcio de leguminosas com gramíneas alia produtividade e qualidade na safrinha


Pesquisador da Embrapa destaca benefícios agronômicos e econômicos da adoção de plantas de cobertura no período da safrinha em Mato Grosso do Sul


Durante o Showtec 2025, evento de tecnologia agropecuária realizado em Mato Grosso do Sul, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), apresentou os avanços e os benefícios do consórcio entre leguminosas e gramíneas no sistema de produção agrícola. A proposta visa aliar alta produção de biomassa com qualidade da palhada, elemento essencial para o sucesso do Sistema Plantio Direto.

“Os capins são protagonistas na geração de matéria seca em grande volume, tanto na parte aérea quanto nas raízes, o que contribui diretamente para a melhoria do solo. Mas as leguminosas agregam qualidade a essa biomassa, com benefícios como a fixação biológica de nitrogênio e o controle de nematoides”, explica Garcia.

Entre as leguminosas de destaque, estão as crotalárias (em especial a Crotalaria ochroleuca e C. juncea) e o feijão-guandu, incluindo sua versão anã. Essas espécies, quando combinadas com gramíneas como Brachiaria ruziziensisB. brizantha (cv. Xaraés, Piatã), ou mesmo com panicum como o capim-aruana, resultam em um consórcio com alto potencial para cobertura de solo, controle biológico e alimentação animal.

Oportunidade durante a safrinha

A recomendação do pesquisador é que o produtor utilize parte da área da safrinha, em Mato Grosso do Sul, para o cultivo dessas plantas de cobertura, especialmente a partir do final de fevereiro, quando os riscos climáticos aumentam e o potencial produtivo do milho diminui.

“O custo do milho safrinha é alto e os riscos são maiores nessa época. Por isso, deixar de 20% a 25% da área para coberturas é uma estratégia inteligente. Em poucos anos, o produtor consegue rodar toda a área e melhorar o solo, o sistema como um todo e ainda potencializar a cultura da soja que vem na sequência”, orienta o pesquisador.

Segundo Garcia, em áreas de pousio durante a safrinha no estado, principalmente em solos arenosos ou em regiões com menor histórico de uso agrícola, o uso de plantas de cobertura é uma alternativa viável, econômica e de baixo risco.

Integração com a pecuária

O consórcio também pode ser integrado à pecuária, desde que as leguminosas escolhidas não sejam tóxicas aos animais. “Espécies como a Crotalaria spectabilis e C. breviflora são tóxicas e não podem ser pastejadas. Mas a C. ochroleuca e a C. juncea são seguras e ainda melhoram a alimentação do gado, fornecendo proteína e contribuindo para o ganho de peso”, ressalta o pesquisador.

Pesquisa em expansão

A Embrapa Agropecuária Oeste conduz pesquisas nessa linha desde 2016. O trabalho envolve o desenvolvimento de combinações de espécies, estratégias de manejo, métodos de implantação e soluções para desafios técnicos, como o controle de plantas daninhas e da soja voluntária.

“O setor privado também tem avançado nessa linha, com oferta de mixes de cobertura que reúnem três ou quatro espécies. A lógica é a mesma: diversificar e explorar sinergias entre plantas com características complementares para fortalecer o sistema produtivo”, finaliza o pesquisador.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Conab vai ao México para participar de missão técnica de cooperação sobre sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis

 

Representantes de instituições do Brasil e do México estarão reunidos, entre os dias 12 e 15 de maio, para debater soluções conjuntas que promovam o acesso a alimentos saudáveis, o fortalecimento da agricultura familiar e o equilíbrio dos sistemas de abastecimento. A Missão Técnica “Diálogos de Cooperação Sul-Sul entre Brasil e México sobre Sistemas Alimentares Sustentáveis” é uma iniciativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

O encontro tem como objetivo principal fomentar a troca de experiências bem-sucedidas em políticas públicas voltadas à segurança alimentar e nutricional, abastecimento de alimentos e estratégias para redução da inflação dos alimentos. A agenda inclui reuniões, visitas técnicas e apresentações institucionais que permitirão o compartilhamento de boas práticas entre os dois países.

Nesta segunda-feira (12), o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Arnoldo Anacleto de Campos, apresenta as principais contribuições da Companhia para o abastecimento alimentar no Brasil. Serão abordadas ações como política de preços mínimos, compras públicas, estrutura de armazenagem, apoio à agricultura familiar, inovação tecnológica no campo e produção de dados estatísticos sobre a agropecuária nacional.

Durante a missão, os participantes visitarão instituições mexicanas como a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Sader), a Central de Abastecimento da Cidade do México (Ceda), a Leche Industrializada Conasupo (Liconsa), a Empresa Nacional de Subsistências Populares (Diconsa) e a Confederação Nacional dos Grupos Comerciais dos Centros de Abastecimento (Conacca). Também está prevista uma reunião com a equipe técnica da FAO, cuja articulação foi fundamental para viabilizar os contatos com o governo mexicano.

Entre os resultados esperados está a divulgação de iniciativas brasileiras como o Programa Alimentar Cidades, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Plano Nacional de Abastecimento. Ao mesmo tempo, o Brasil conhecerá melhor o modelo mexicano “Comida para o Bem-Estar”, que conta com mais de 25 mil pontos de venda voltados ao fornecimento de alimentos saudáveis e acessíveis.

A modernização dos centros de abastecimento, por meio de ações sustentáveis como economia circular, redução de perdas e desperdícios (FLW), transparência de preços e fortalecimento da governança institucional, também será um dos focos do intercâmbio, promovendo a aproximação entre autoridades públicas e setor privado.

A missão marca mais um passo no fortalecimento da cooperação internacional em torno da segurança alimentar e da construção de sistemas alimentares resilientes, inclusivos e sustentáveis.

Congresso Brasileiro de Soja debaterá 100 anos de soja no Brasil vislumbrando o amanhã

  CBSoja debate 100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã A 10ª edição do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e do Mercosoja 2025 ...